PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Em meio ao surto que tem atingido os moradores de Várzea Grande, as estatísticas ganham contornos humanos através dos relatos de pacientes, familiares e profissionais da saúde. A equipe do portal O Fato News (FTN Brasil) entrevistou pessoas que vivenciaram de perto os desafios e as consequências da dengue, com o objetivo de conscientização, prevenção e do apoio da comunidade e prefeitura.
Segundo relatos da recepcionista Thais, de 25 anos, os primeiros sinais foram assustadores. "Senti uma febre intensa e dores pelo corpo que nunca imaginei. Em poucos dias, precisei ser hospitalizada. Esta é a segunda vez que pego dengue, e essa foi a mais forte. Fiquei com medo de morrer ".
Thais destaca como a experiência de enfrentar a doença a fez repensar seus cuidados com a saúde e a importância de se prevenir, reforçando o impacto que a dengue tem na vida das pessoas.
"Eu passei a redobrar os cuidados no meu quintal. E toda vez que vejo algum foco da doença eu já sigo as orientações dos especialistas e coloco areia nos vazinhos de flores que tenho e não deixo mais juntar lixo", declarou Thais.
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A dengue não atinge apenas o paciente, mas também toda a família. Eduardo Santos, pai de uma menina de 12 anos que contraiu a doença, relembra o momento em que a preocupação tomou conta do lar. "Ver minha filha sofrendo e enfrentar a incerteza sobre sua recuperação foi um dos momentos mais difíceis da nossa vida. Foi horrível. Estava de mãos atadas e buscamos apoio da UPA, que foram ágeis e medicaram minha filha."
Compromisso dos profissionais de Saúde em VG
Do outro lado desse cenário, os profissionais de saúde se dedicam diariamente para combater a doença e amparar os afetados. Maria Auxiliadora, técnica de enfermagem do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, ressalta os desafios enfrentados.
"Cada caso novo é um alerta para redobrar as campanhas de prevenção e intensificar a vigilância. Nosso trabalho vai muito além do tratamento clínico: é também orientar a comunidade sobre a importância de eliminar os criadouros do mosquito e buscar ajuda assim que os primeiros sintomas surgem."
Segundo Maria Auxiliadora, o engajamento contínuo da comunidade e a união entre os setores público e privado são fundamentais para enfrentar a epidemia.
Diante dessas histórias, fica claro que a dengue em Várzea Grande é um problema que exige respostas integradas e humanizadas. As experiências compartilhadas deixa claro a urgência de intensificar ações preventivas, melhorar o saneamento e promover campanhas educativas que alcancem todos os cantos da cidade.
Decreto de situação de emergência
Com o aumento expressivo das notificações de arboviroses em Várzea Grande, especialmente os casos de dengue e chikungunya, a prefeita Flávia Moretti (PL) decretou situação de emergência em saúde pública por meio do Decreto nº 05/2025, assinado no dia 16 de janeiro. Nos primeiros 15 dias deste ano, o município registrou um crescimento alarmante de aproximadamente 400% nos casos dessas doenças.
O decreto, publicado no Diário Oficial dos Municípios (AMM-MT), autoriza a prefeitura a adotar medidas administrativas e assistenciais para conter a crise sanitária. Entre as ações previstas estão a aquisição de insumos e materiais, a doação e cessão de equipamentos e bens, além da contratação de serviços essenciais para reforçar o atendimento à população.
Outro ponto destacado no documento é a permissão para a dispensa de licitação enquanto durar a situação de emergência, garantindo maior agilidade nas contratações. No entanto, a prefeitura deve providenciar o processo regular de licitação dentro do período estabelecido.
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Boletim Epidemiológico
De acordo com o painel IndoDengue, a cidade de Várzea Grande registrou um aumento significativo nos casos de dengue nos últimos meses. Em dezembro de 2024, foram contabilizados 163 casos. Já em janeiro de 2025, esse número subiu para 313. Até o dia 15 de fevereiro, 247 novos casos foram registrados.
O IndoDengue é uma iniciativa da organização InfoDengue, que reúne epidemiologistas, cientistas de dados e estudantes em parceria com órgãos governamentais de Saúde. O objetivo é monitorar e auxiliar no controle de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, zika e chikungunya.
Reprodução: Info.Dengue
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Cenário Epidemiológico
De acordo com a gerente de Vigilância Epidemiológica, Alessandra Carreira, em janeiro deste ano, o cenário epidemiológico em relação às arboviroses no município de Várzea Grande foi preocupante.
“Nas últimas duas últimas semanas tivemos 468 notificações de um total de 912 acumulados na rede de saúde, o que configura uma taxa de incidência de 300,04 a cada cem mil habitantes. A taxa de incidência com esse valor já caracteriza que estamos entrando no cenário epidemiológico de alto risco em relação à transmissão das arboviroses. A taxa de exames laboratoriais que têm girado em média em 20% para a dengue, chikungunya e zika. No entanto, quando a gente avalia os resultados laboratoriais de forma isolada, a chikungunya tem chegado a uma taxa de 52,05 de positividade, sendo um índice bastante elevado”, explicou.
Sintomas da dengue
Especialistas alertam que a dengue pode causar sintomas graves, como febre alta, dores musculares, manchas vermelhas pelo corpo e, em casos mais severos, hemorragias e choque circulatório. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico ao primeiro sinal da doença.
Combatendo o mosquito Aedes aegypti
A principal forma de combate à dengue é a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Medidas simples, como evitar o acúmulo de água parada em recipientes, tampar caixas d'água, limpar calhas e descartar corretamente pneus e garrafas velhas, ajudam a reduzir a proliferação do inseto.
As autoridades de saúde reforçam a importância da colaboração da população no combate à dengue. Além das ações individuais, o poder público segue realizando mutirões de limpeza, fumacê e campanhas educativas para minimizar os impactos da doença na cidade.
A prevenção é a melhor forma de proteção. Com a dengue, não se brinca!