PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A ocupação de quatro propriedades rurais por indígenas nas terras ao lado da comunidade Panambi Lagoa Rica, em Douradina, Mato Grosso do Sul, criou um clima tenso entre os produtores e os indígenas neste sábado (20). Ambos os lados montaram acampamentos próximos, com os proprietários de terra instalando tendas e exigindo a desocupação.
Conforme informações repassadas pelas forças policiais da cidade, o clima é tenso entre produtores e indígenas. Inclusive, os dois lados montaram acampamento a poucos metros um do outro. Até tendas foram instaladas pelos proprietários de terra, que exigem a desocupação.
O delegado da Polícia Civil de Douradina, Vinícius de Souza Lima, declarou foram que registrados três boletins de ocorrência, sendo um coletivo, por “esbulho possessório”, que é o ato de invadir terreno ou propriedade alheia”.
"Vale ressaltar que a Polícia Civil não tem lado. Nós estamos somente registrando as ocorrências e partir dela tentando identificar os envolvidos. Em seguida vamos repassar tudo ao Ministério Público Estadual que vai analisar de quem é a competência e assim remeter à Justiça Federal ou não”.
A segurança dos povos indígenas é uma responsabilidade da União, tanto é que no local há duas viaturas da Força Nacional, assim como a presença de policiais militares. Membros do MPF (Ministério Público Federal) e Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) também estão na região.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), no Mato Grosso do Sul, as cinco retomadas da região de Douradina, circunscritas à Terra Indígena Lagoa Rica Panambi, seguem sendo acossadas por capangas armados desde a manhã deste sábado. "Em campo aberto, quase uma dezena de caminhonetes se posicionou trazendo homens nas caçambas, que rapidamente se espalharam em um perímetro ofensivo ao grupo Guarani Kaiowá. A Força Nacional de Segurança está no local".
Anderson Santos, advogado do Cimi, afirmou que a tensão aumentou devido a uma tentativa de retomada das terras pelos indígenas desde o final de semana passado. Segundo ele, um jovem foi baleado na perna durante esse processo, e uma foto do ferido foi enviada por Santos.
O advogado ressaltou que, quando ocorre uma tentativa de retomada, os produtores devem buscar a Justiça para tentar a reintegração de posse, o que, segundo ele, não está sendo feito no caso atual.
"Quando há tentativa de retomada, o produtor que se sentir lesado precisa procurar a Justiça e tentar a reintegração de posse, o que não está havendo ali".