Cuiabá, 18 de Novembro de 2024
DÓLAR: R$ 5,80
FTN Brasil | Jornal de Verdade

Geral Sexta-feira, 15 de Novembro de 2024, 11:28 - A | A

15 de Novembro de 2024, 11h:28 A- A+

Geral / VISTO COM APREENSÃO

Tretas de Milei ofuscam eleição de Trump e ausência de Putin na cúpula do G20 no Rio

Para quem achava que eleição de Trump, nos Estados Unidos, e situação de Putin poderiam ofuscar a cúpula, o presidente argentino que o fez

DO RFI
DO METRÓPOLES

Na corrida contra o relógio, negociadores das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana, buscam um denominador comum para fechar um acordo que seja palatável a todos os líderes presentes na cúpula do G20 no Rio, na semana que vem. A tumultuada geopolítica global continua sendo uma sombra constante sobre o grupo, desde o início do ano.

Mas este não é o único tema difícil. Na reta final, a mudança do clima ainda é motivo de desacordos, assim como a chamada “linguagem de gênero”. É contra ela que se bate a Argentina de Javier Milei, personagem que é visto com apreensão por integrantes do G20 e pode causar constrangimento.

Para quem achava que a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e situação de Vladimir Putin poderiam ofuscar a cúpula, o perigo vem de bem mais perto, da Argentina. “A gente até imaginava isso. Mas achávamos que tínhamos problemas maiores”, admite um negociador.

Acesse nosso canal de notícias no WhatsApp pelo linkFTN BRASIL

A vitória de Trump causa desconforto no grupo dos países mais ricos do mundo. Ele é sabidamente avesso ao multilateralismo. Ou seja, se os Estados Unidos estão a bordo agora, mas isso não significa que continuarão a partir da posse do republicano. Mas isso é problema para a África do Sul, país que receberá do Brasil a presidência do G20 ao final da cúpula. O presidente russo Vladimir Putin não virá à cúpula, porque há um mandado de prisão contra ele, mas a Argentina tornou-se uma incógnita.

Os argentinos tiveram participação tímida e enviaram representantes de nível hierárquico abaixo do que se via nas reuniões, para demonstrar a desimportância que davam às negociações. Mas não chegavam a atrapalhar as discussões. A partir de julho, depois de tirar a briga geopolítica das negociações temáticas, o G20 voltou a publicar declarações ministeriais aprovadas por todos os seus integrantes, o que não acontecia há dois anos.

Pauta feminista e de cultura rejeitadas pela Argentina de Milei

Isso só foi possível porque o Brasil separou a geopolítica em textos à parte. De lá para cá, todas as reuniões produziram declarações de consenso, exceto a do grupo do empoderamento feminino, rejeitado na íntegra pelos argentinos. A de cultura havia sido poupada, mas, horas depois, contudo, a Argentina publicou nota rejeitando-a também. O país já tinha feito o mesmo em Nova York, quando a ONU publicou o Pacto do Futuro.

Era a pauta de costumes que tanto apelo oferece à extrema direita. Eles não se opuseram às outras agendas, até porque o que é discutido no âmbito do G20 os beneficia. Agora, nas negociações em curso resolveram bater de frente com a “linguagem de gênero” do texto nos seus múltiplos temas, e passaram a rejeitar a Agenda 2030.

A decisão significa no mínimo tumulto. O comunicado tem de ter o aval do de todos os líderes do G20. Os negociadores brasileiros e estrangeiros ainda não sabem se os argentinos querem apenas chamar atenção ou se pretendem de fato bloquear o texto final. A avaliação é que a Casa Rosada tem enviado sinais contraditórios. Para um diplomata, o que se observa é um “comportamento infantil”.

Prioridades do governo brasileiro

Pelo menos duas prioridades do governo brasileiro continuam na terceira versão do rascunho que está sendo discutido nesse momento, e tudo indica que devem constar do comunicado final. A tributação dos bilionários é uma delas, assim como o uso das palavras transparência e responsabilidade para lidar com as plataformas digitais também.

Essas são consideradas vitórias pelo governo brasileiro, além, é claro, da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada oficialmente na segunda-feira, e já tem a adesão de mais de 100 países e organismos internacionais. Este, aliás, como lembraram negociadores, é um ganho que independente dos EUA ou da Argentina. Ainda que Trump não concorde a aliança, ela já foi criada e tem até secretariado definido para trabalhar até 2030.

Acesse nosso canal de notícias no WhatsApp pelo linkFTN BRASIL

Entre os temas mais difíceis o mais evidente é a geopolítica, claro. Mas o clima também consta nessa lista. E esse não é só problema do G20, mas da convenção do clima que está acontecendo em Baku, no Azerbaijão. Os países ricos cobram das nações em desenvolvimento metas e resultados ambiciosos para a redução das emissões, mas não usam a mesma régua para definir seus compromissos com o financiamento, promessa que vem desde o acordo de Paris.

Forte esquema de segurança

Às vésperas da cúpula, é forte o esquema de segurança na cidade, que, só do Exército conta com contingente de 7.500 soldados. Chama a atenção a quantidade de homens e viaturas pela zona sul do Rio de Janeiro, a área onde devem se concentraram as 55 delegações que começam a desembarcar no país.

A zona portuária está em clima de festa com o G20 Social, que acontecerá na região até sábado e que começou com certa confusão. Os eventos serão realizados em espaços como o Museu do Amanhã e a área dos armazéns. Tem até um palco na Praça Mauá, para receber o Aliança Global Festival, que está sendo apelidado de “Janjapalooza”, pois foi organizado pela primeira-dama. A previsão é de participação de quase 30 artistas, entre eles Zeca Pagodinho, Seu Jorge e Daniela Mercury.

Cúpula Social

Na Cúpula Social, os três eixos da presidência brasileira, que englobam combate à fome e às desigualdades, enfrentamento às mudanças climáticas e reforma da governança global, serão discutidos em plenárias. Dali sairão três documentos a serem entregues no sábado, ao fim do evento, ao presidente Lula. O Forte de Copacabana está sendo preparado para reuniões bilaterais de Lula no G20, que, em princípio, serão 10.

A agenda oficial do presidente brasileiro começa no sábado (16) com o encerramento do G20 Social. Depois, ele é esperado no Festival. No domingo, participa do encerramento do Urban20, que é o fórum de prefeitos do G20. Na parte da tarde, terá os primeiros encontros bilaterais, que também estão previstos para a tarde de terça.

Em princípio, todos pediram reunião com Lula, exceto Milei. A lista completa ainda não foi fechada. Mas estão confirmadas as bilaterais com os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos e Emmanuel Macron, da França, e os premiês britânico Keir Starmer, além do japonês Shigueru Ishiba.

Leia mais reportagens como essa no RFI, parceiro do Metrópoles.

Comente esta notícia

Esse est et proident pariatur exercitation