GABRIELLA LODI, TIAGO TORTELLA
DA CNN
No início da tarde desta quarta-feira (26), o presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou na sua conta da rede social X, o que chamou de “mobilizações irregulares” por algumas unidades do Exército boliviano. Ele afirmou mais tarde que o país estava sofrendo uma tentativa de golpe militar.
A agência de notícias estatal ABI havia informado que por volta das 14h30, no horário local, tanques estavam sendo posicionados dentro e ao redor da Plaza Murillo, uma praça da capital La Paz onde estão localizados os escritórios dos poderes Executivo e Legislativo.
Uma testemunha da Reuters viu um veículo blindado bater na porta do palácio presidencial e soldados entrarem correndo para dentro do edifício.
O ex-presidente Evo Morales, também através das redes sociais, acusou as tropas de estarem planejando um golpe de Estado sob comando do general Juan José Zuniga.
O comandante havia sido retirado do cargo após fazer ameaças contra Morales.
O presidente boliviano, Luis Arce, então exigiu que o general Juan José Zuniga desmobilizasse os soldados que ocuparam a praça central da capital, o que atraiu forte condenação internacional a uma tentativa de golpe militar.
Pessoas também saíram às ruas da Bolívia após o presidente pedir mobilização contra a tentativa de tomada de poder.
Arce nomeou novos chefes das Forças Armadas nesta quarta-feira, e o novo comando militar ordenou que as tropas lideradas pelo general Zuniga retornassem para casa.
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Soldados e veículos militares do Exército da Bolívia então começaram a deixar as proximidades do palácio presidencial.
Mais tarde, autoridades da Bolívia prenderam o comandante Zuniga, conforme visto por uma testemunha da agência de notícias Reuters.
Por fim, o Ministério Público do país disse que iniciará uma investigação criminal contra o general e outros participantes por liderarem o que o governo e os líderes internacionais condenaram como uma tentativa de golpe.
Quem é o general que liderou a tentativa de golpe na Bolívia?
Desde 2022, Juan José Zuñiga serviu como comandante-chefe do Exército da Bolívia.
Mas, na segunda-feira (24), o militar fez declarações polêmicas contra o ex-presidente boliviano Evo Morales, dizendo que ele “não pode mais ser presidente deste país”.
Suas declarações custaram-lhe o cargo, já que o governo decidiu demiti-lo na terça-feira (25). Porém, o militar se revoltou contra o Executivo e anunciou publicamente que as forças militares tomariam a casa do governo.
Saiba mais sobre o general através desta matéria.
Histórico do presidente Luis Arce
Luis Arce, da Bolívia, tomou posse como presidente em 8 de novembro de 2020, conduzindo o partido socialista do país de volta ao poder, um ano depois do líder esquerdista de longa data, Evo Morales, ter sido alvo de protestos que desencadearam uma crise política.
Arce prometeu “derrotar” a pandemia em um país que tem um dos piores números de mortes per capita, curar as divergências políticas e “pôr fim ao medo” após a violência no ano anterior.
As tensões aumentaram na Bolívia para as eleições gerais de 2025, com o ex-presidente de esquerda Evo Morales planejando concorrer contra o antigo aliado Arce, criando uma grande ruptura no partido socialista no poder e uma incerteza política mais ampla.
Muitos não querem o regresso de Morales, que governou entre 2006 e 2019, quando foi derrotado no meio de protestos generalizados e substituído por um governo conservador interino.
Países expressaram preocupação
Líderes mundiais expressaram preocupação pela tentativa de golpe de Estado na Bolívia nesta quarta-feira (24).
Após pergunta da CNN em coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que pediu mais informações ao chanceler Mauro Vieira “para que a gente possa ter uma posição”.
Posteriormente, ele fez uma publicação nas redes sociais reafirmando o compromisso do Brasil “com o povo e a democracia no país irmão presidido por Luis Arce” e afirmou ser defensor da democracia e que “golpe nunca deu certo”.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou o episódio “nos mais firmes termos”.
O Itamaraty destacou que estará em contato permanente com “as autoridades legítimas bolivianas e com os governos dos demais países da América do Sul” para “rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região”.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, manifestou preocupação pelas redes sociais. “Expressamos nosso apoio à democracia no país irmão e ao governo legítimo de Luis Arce”, o líder chileno destacou.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou a situação na Bolívia, enviando solidariedade a Luis Arce. Almagro também destacou que não será tolerada “qualquer violação da ordem constitucional legítima”.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, também condenou a situação na Bolívia. “Condenamos veementemente a tentativa de golpe de Estado na Bolívia. Nosso total apoio e apoio ao presidente Luis Alberto Arce Catacora, autêntica autoridade democrática desse povo e país irmão”, disse no X.
Os Estados Unidos estão monitorando de perto a situação na Bolívia e pedem calma e moderação, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, nesta quarta-feira (26).
Veja a repercussão completa de líderes mundiais nesta matéria.
*Com informações da Reuters e da CNN Espanhol