PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Na manhã desta segunda-feira (09), a Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis, deflagrou a Operação Gambino para combater um grupo criminoso especializado no furto de cargas agrícolas na região sul do estado. A operação resultou na emissão de 16 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, além de 11 mandados de bloqueio das contas bancárias dos envolvidos. As ordens judiciais foram autorizadas pela 2ª Vara Criminal de Rondonópolis.
Conforme informações divulgadas pela PC, o principal alvo da aperação deflagrada, A.N.P., de 34 anos, já havia sido investigado anteriormente pela Derf de Rondonópolis, durante a Operação Grãos de Areia, no ano de 2022. Na ocasião, a operação desmantelou uma organização criminosa envolvida no furto, estelionato e fraude de cargas de soja e farelo de soja no terminal ferroviário da região sul de Mato Grosso, responsável pelo escoamento de uma grande parte da produção agrícola estadual.
As investigações atuais da Polícia Civil indicam que A.N.P. é um dos maiores receptadores de cargas agrícolas da região sul do estado, o que coloca sua atuação como um ponto central na criminalidade ligada ao roubo de cargas agrícolas em Mato Grosso.
Acesse nosso canal de notícias no WhatsApp pelo link: FTN BRASIL
Furto de cargas de milho
A Derf de Rondonópolis iniciou as investigações da Operação Gambino após o registro de um furto ocorrido em novembro do ano passado, quando quatro cargas, totalizando 214 mil quilos de milho, foram roubadas de uma fazenda na região de Rondonópolis. Esse crime desencadeou a apuração sobre a atuação do grupo criminoso envolvido no furto de cargas agrícolas, levando à identificação de A.N.P. e outros envolvidos.
Para realizar o furto das cargas de milho, os criminosos contaram com a colaboração de um classificador de uma empresa de grãos. Esse funcionário forjou as ordens de serviço, permitindo que os caminhões utilizados no esquema criminoso tivessem acesso à fazenda da vítima para carregar os 214 mil quilos de milho. O produto roubado seria destinado originalmente a um conglomerado do agronegócio, o que demonstra o nível de planejamento e articulação do grupo criminoso.
Após a empresa compradora dos grãos fechar a venda, o motorista que vai fazer o transporte cadastra o veículo, o nome da empresa transportadora, CNH e o o tipo de frete e, então, é habilitada a ordem de serviço para que seja feito o transporte. No caso do furto das cargas de milhos, os quatro caminhões apresentaram ordens de serviço falsificadas na fazenda.
Família no crime
Ainda de acordo com a Derf, o pai, irmão e a esposa de A.N.P. estão entre os investigados no esquema do furto de cargas. A investigação apontou que membros da família estão envolvidos na associação criminosa formada para furtar cargas agrícolas na região de Rondonópolis.
A Derf apontou que A.N.P., mesmo após investigado na Operação Grãos de Areia, continuou na prática criminosa com o furto e receptação de cargas agrícolas e, desta vez, ainda atuando com a lavagem de dinheiro com as empresas transportadoras em nome dos familiares.
Em setembro do ano passado, os mesmos criminosos – pai, filho e nora – usaram caminhões das transportadoras em nomes deles para cometer o mesmo tipo de furto de carga, desta vez, no município de Guiratinga. Na ocasião, foram levadas duas cargas de uma fazenda da região e para a liberação do produto foram suados também documentos falsos.
A Polícia Civil identificou que três, das quatro carretas usadas para furtar a carga de milho, estão em nome de empresas de transportes que pertencem aos investigados – o principal investigado, seu pai e a sua esposa.
A.N.P. tem uma larga ficha policial, com 19 registros criminais. “Mesmo após ser alvo de uma operação que identificou um grande esquema de desvio, furto e adulteração de cargas agrícolas, em 2022, ele continuou a atuação criminosa, desta vez com a participação de familiares no furto e receptação das cargas – como soja, milho e fertilizantes – e na lavagem de dinheiro”, apontou o delegado Santiago Sanches.
Operação Gambino
O nome da operação faz referência a uma das mais conhecidas famílias da máfia de Nova Iorque, com atuação na cidade norte-americana desde o início do século 20 e ramificações em diversas atividades criminosas.