PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia de São Félix do Araguaia, deflagrou na manhã desta terça-feira (15) a "Operação Improbos", com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de verbas públicas e corrupção envolvendo a prefeitura do município. Durante a operação, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, realizados nas residências dos investigados e em setores administrativos de seus locais de trabalho.
A operação também inclui o bloqueio judicial de contas bancárias dos envolvidos, com a intenção de coletar provas que confirmem a prática de atividades ilícitas. A investigação visa desmantelar a organização criminosa responsável pelo esquema de corrupção dentro da administração pública de São Félix do Araguaia.
As investigações revelaram que o esquema de corrupção e desvio de recursos públicos dentro da Prefeitura de São Félix do Araguaia envolvia três servidores municipais que ocupavam funções estratégicas. Cada um desempenhava um papel específico para facilitar o desvio de verbas públicas. Um quarto servidor, já preso por tráfico de drogas, também teve sua prisão preventiva decretada novamente devido ao seu envolvimento nos crimes de corrupção e desvio em apuração.
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Durante a operação, foram apreendidos diversos documentos, dispositivos eletrônicos e registros contábeis, que passarão por perícia para confirmar a dinâmica do esquema e identificar outros possíveis participantes. A ação foi coordenada de forma simultânea para evitar que provas fossem destruídas e para garantir a captura dos envolvidos. No entanto, um dos investigados ainda não foi localizado e está sendo considerado foragido.
O valor total desviado pelo esquema será determinado após a conclusão das análises da quebra de sigilo bancário e do relatório final da investigação.
Esquema de Corrupção
As investigações conduzidas pelo delegado Ivan Albuquerque Soares revelaram o funcionamento detalhado do esquema de corrupção na Prefeitura de São Félix do Araguaia. Um dos investigados, identificado como o principal articulador, utilizava sua posição estratégica no controle financeiro da prefeitura para direcionar recursos públicos de forma fraudulenta. Ele facilitava o repasse de verbas para credores selecionados, garantindo que pagamentos ilícitos fossem realizados sem levantar suspeitas. Além disso, ele intermediava a liberação de créditos irregulares, cobrando comissões em troca de sua atuação.
O segundo suspeito atuava como intermediário, sendo responsável por receber os valores desviados e distribuí-los entre os demais membros do esquema. Sua função principal era ocultar a origem ilícita dos recursos e garantir que as quantias fossem repassadas conforme as instruções do articulador, assegurando que cada participante do esquema fosse remunerado de acordo com sua participação.
O terceiro investigado utilizava empresas de fachada, registradas em nome de terceiros ou laranjas, para simular a prestação de serviços e a venda de materiais à Prefeitura. Essas empresas emitiam notas fiscais fictícias e firmavam contratos fraudulentos, permitindo que o grupo desviasse os recursos e desse uma aparência de legalidade às transações ilícitas. Dessa forma, o esquema conseguia operar sem ser detectado, mascarando as movimentações financeiras fraudulentas com documentos aparentemente legítimos.
Para o delegado, Ivan Albuquerque Soares, a Operação Improbos representa um esforço contínuo das autoridades em combater práticas ilícitas e assegurar que o patrimônio público seja utilizado de maneira correta e transparente, em benefício da população.
“Com a operação, a Polícia Civil espera desarticular completamente a estrutura do esquema de corrupção na Prefeitura e assegurar que os valores desviados possam ser rastreados e recuperados. Os investigados permanecem à disposição da justiça, e a análise dos materiais apreendidos poderá revelar novos desdobramentos nas próximas semanas”, disse o delegado.
Facilitação para Credores
Outra prática ilegal adotada pelo grupo envolvido na corrupção na Prefeitura de São Félix do Araguaia consistia na facilitação de pagamentos a credores que enfrentavam dificuldades para receber seus empenhos. Os investigados, aproveitando-se de suas funções e influência, cobravam comissões indevidas para acelerar a liberação dos pagamentos, assegurando que os recursos fossem repassados a esses credores em troca de uma taxa de retorno.
Essa prática não apenas resultava no desvio de verbas públicas, mas também comprometia a integridade do processo de pagamentos do município. Além disso, favorecia empresas que concordavam em participar do esquema, perpetuando um ciclo de corrupção e prejudicando a concorrência justa entre fornecedores. O uso da influência dos investigados para garantir pagamentos em troca de comissões cria um ambiente propício para a corrupção, onde a lisura das transações públicas é sistematicamente corroída.
