Vinícius Schmidt/Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
MARIO SABINO
DO METRÓPOLES
Tem lógica eleitoral correta a ausência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, na cerimônia em Brasília para marcar o primeiro ano do quebra-quebra em 8 de janeiro de 2023.
Tarcísio de Freitas alegou uma viagem à Europa.
Romeu Zema até pareceu que ia, mas foi convencido por integrantes do
Partido Novo a mudar de ideia. Ronaldo Caiado disse que tinha um check-up. Na verdade, não faria sentido que os potenciais candidatos da direita à presidência da República fossem fazer número para o adversário da esquerda que enfrentarão em 2026.
Acesse nosso canal de notícias no WhatsApp pelo link: FTN BRASIL
Além de dar palanque a Lula, que aproveita o 8 de janeiro para vender-se ao eleitor como defensor da democracia, eles irritariam profundamente Jair Bolsonaro e a sua franja radical, que não é tão pequena e é muito ativa nas redes sociais. O mais cobrado seria Tarcísio de Freitas, herdeiro direto do bolsonarismo e que já enfrenta dificuldades com sequazes do ex-presidente da República no Legislativo paulista. Eles julgam que o governador de São Paulo faz concessões demais à esquerda.
Sedimenta-se na direita a convicção de que, em 2026, Lula será vencido na eleição presidencial por quem souber agradar aos eleitores de centro-direita, sem afugentar bolsonaristas. O raciocínio é que, mesmo com Jair Bolsonaro jogando contra si próprio e com o STF e a Rede Globo atuando pesadamente em favor de Lula, o petista ganhou a eleição em 2022 por uma diferença de apenas 2 milhões de votos. As pesquisas que vem mostrando a estagnação e até certa diminuição da aprovação do atual presidente é outro fator que fortalece a certeza de que ele será batido nas urnas.
Esse quadro não tenderia a mudar em benefício do petista, porque a economia também não deverá ajudar o atual inquilino do Planalto, raciocinam os potenciais adversários de Lula e os seus assessores. Daí a preocupação petista em estourar logo os cofres públicos para comprar votos por meio de benefícios sociais e crédito farto, em tentativa da reprise das receitas anteriores.
Acrescente-se a esse quadro a impressão na direita de que nem os ministros mais políticos do STF, nem a Rede Globo fariam oposição a um candidato de oposição a Lula que não tenha o sobrenome Bolsonaro.