JULIANA CONTAIFER
DO METRÓPOLES
Um dos grandes desafios da ciência atualmente é desvendar como desacelerar o envelhecimento do cérebro e diminuir as chances de doenças neurodegenerativas, como a demência, se tornarem cada vez mais comuns. Pesquisadores americanos deram mais um passo rumo à resposta: e ela passa por um gene que controla o consumo de glicose por células-tronco.
Com o passar dos anos, as células-tronco do cérebro deixam de produzir novos neurônios, mas com a supressão de um gene específico, foi possível desencadear a produção das células fresquinhas. A ação promove o rejuvenescimento do órgão, que volta a funcionar melhor.
O experimento foi feito em ratos. Os cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, usaram a técnica CRISPR para definir quais são os genes que fazem diferença na produção de neurônios para o cérebro e desligá-los.
O gene Slc2a4, que se mostrou mais importante, regula o consumo de glicose pelas células-tronco e, quando desativado, permite que elas voltem a se transformar em neurônios. Quando a mudança foi feita em ratinhos jovens, as células-tronco não foram afetadas.
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Em entrevista à revista Nature, o neurocientista Saul Villeda, da Universidade da Califórnia em São Francisco, afirma que o estudo oferece informações cruciais. “Elas são importantes para o desenvolvimento de terapias celulares que, um dia, podem tratar doenças neurodegenerativas”, explica. O especialista não participou do estudo.
Os resultados se unem a um corpo de evidências cada vez mais robusto sobre a relação entre o metabolismo da glicose e o envelhecimento. Pesquisas recentes sugerem, inclusive, que algumas drogas para tratar diabetes podem diminuir o declínio cognitivo em macacos.
Cérebro novinho
Os resultados em ratinhos são promissores, mas a comunidade científica ainda não descobriu exatamente se e onde os novos neurônios são produzidos em humanos, e como isso muda em pessoas com Alzheimer ou outras doenças psiquiátricas.
Nos ratos, o cenário é mais claro: as células-tronco ficam em uma região do cérebro chamada zona subventricular, e os novos neurônios migram para o bulbo olfatório quando estão prontos. A viagem faz sentido, uma vez que os animais dependem dos cheiros para perceber o que está acontecendo com o ambiente.