BRUNO BUCIS
DO METRÓPOLES
Além das lesões que a mpox causa na pele, a doença também pode atingir as mucosas, gerando complicações graves e dolorosas. Entre elas, existe a possibilidade de a doença atingir os olhos, levando à perda da visão.
No curso da doença, podem aparecer alterações na conjuntiva, membrana mucosa que reveste a superfície ocular, especialmente em casos onde existe envolvimento de face e pálpebas. Os olhos costumam ser afetados pela progressão quando a doença se espalha na pele do rosto ou quando os pacientes coçam as feridas e, em seguida, colocam as mãos nos olhos.
Caso o vírus da mpox alcance os olhos, as partes mais afetadas são as pálpebras e a superfície ocular. Uma vez que ocorre a contaminação, o vírus encontra um ambiente propício para se proliferar e se manter ativo, segundo alertam os oftalmologistas.
“Na pele, o desfecho mais comum da mpox é que as lesões apareçam e, em um prazo de duas a quatro semanas, elas sejam controladas. Nos olhos, os estudos realizados durante a primeira onda da doença, em 2022, indicaram que os vírus podem ficar ativos por mais de quatro meses, causando não só as lesões, mas mantendo também a transmissibilidade”, aponta a oftalmologista Luciana Peixoto Finamor, da Clínica de Olhos Moacir Cunha, do Grupo Fleury, em São Paulo.
Ela é autora líder de um estudo publicado em junho no International Journal of Infectious Diseases sobre as consequências oculares da mpox. A pesquisa se dedicou a estudar os casos de cinco pacientes paulistanos que tiveram mpox no surto de 2022.
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Os cinco tiveram ceratite, uma inflamação aguda da córnea por pelo menos dois meses. Em três casos, as lesões afetaram a parte interna dos olhos. Os sintomas só foram controlados com o uso do anti-viral tecovirimat, que foi usado de forma experimental durante o surto.
Como a mpox afeta os olhos?
De acordo com as informações produzidas no primeiro surto, um a cada dez infectados tem sintomas oculares. A infecção nos olhos surge apenas em pacientes com quadro especialmente agudo. Os sinais aparecem quando a doença já aparenta estar mais controlada no corpo, com as lesões da pele mais cicatrizadas.
Os pacientes afetados ficam com os olhos irritados, dor ocular e sensibilidade à luz. Alguns podem ter apenas uma irritação inespecífica, como uma conjuntivite viral. No entanto, caso a córnea seja atingida, quando a ferida se torna mais profunda, há uma sensação de ardência e de aspereza constantes, como se houvesse areia na região.
Assim como nas lesões da pele, o olho afetado costuma se recuperar sozinho. No entanto, a cicatrização do tecido ocular pode causar irregularidades nessa superfície, o que leva a um maior risco de comprometimento da visão.