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29 de Janeiro de 2025, 07h:40 A- A+

Destaque / GRANDE TRAGÉDIA

Doze anos depois, incêndio na Boate Kiss é um marco no trabalho da Força Nacional do SUS

Tragédia em Santa Maria (RS) aprimorou protocolos e exigências para estabelecimentos do ramo, além de ter balizado ações das equipes durante emergências do gênero

ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

Eram 4h30 da manhã, em 2013, quando o celular da enfermeira intensivista Conceição Mendonça começou a tocar. À época, ela trabalhava como ponto focal do Ministério da Saúde para a recém-criada Força Nacional do SUS (FN-SUS), uma equipe montada para dar resposta rápida e precisa a desastres naturais, crises de saúde pública e grandes eventos. “Quando eu atendi, era o [ então ] ministro Alexandre Padilha, que só disse para pegar um avião e ir a Santa Maria, no Rio Grande do Sul”, lembra.

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A voluntária da FN-SUS embarcou numa aeronave da Força Aérea (FAB) e chegou ao local às 9h, enquanto ainda saía fumaça da Boate Kiss. “Estava tudo muito desorganizado. O SAMU da cidade não tinha nem um ano de existência ainda, nem havia um hospital público à disposição”, relembra. A partir daí, Conceição passou a organizar a remoção das vítimas a uma unidade de saúde particular .

No Hospital de Caridade, que recebeu as vítimas do incêndio, pessoas internadas anteriormente - ou que tinham cirurgias marcadas - tiveram de ser realocadas. Aquele 28 de janeiro, há 12 anos, foi todo dedicado a retirar e hospitalizar as pessoas atingidas, em sua maioria jovens universitários. Somente no final do dia foi possível pensar em outras estratégias, como o uso de aeronaves da FAB em favor de quem precisava de auxílio.

Na época, foram 67 voluntários enviados pela Força Nacional do SUS para atuarem durante 23 dias em Santa Maria. A FN-SUS realizou 577 atendimentos emergenciais já nas primeiras horas de atuação, ainda nos arredores da casa de shows.

“Em toda a minha carreira, foi a pior tragédia. Eu senti como minha a dor da mãe que abraçava o filho, já morto; outras iam aos hospitais achando que um familiar tinha morrido, mas o encontrava vivo e nos agradecia. Até hoje, por vezes, eu acordo de madrugada pensando no que poderia ter feito a mais”, lamenta Conceição.

No total, foram 242 mortes no que ficou conhecido como a ‘Tragédia da Kiss’. A Força prestou total apoio aos municípios e estados que necessitavam de auxílio. Até o funeral coletivo foi organizado, tendo o cuidado de preservar os corpos que mais tinham sofrido durante a tragédia. O ginásio da cidade foi fechado para receber os parentes e foi possível velar por todas as vítimas num único dia.

Missão da FN-SUS

O Ministério da Saúde seguiu cuidando das vítimas nos meses seguintes. Além dos repasses de verba feitos na esteira da tragédia, houve ampliação de leitos hospitalares e especialidades abrangidas pelas unidades ligadas ao SUS, com contratação de profissionais e compra de equipamentos.

“Nosso trabalho é salvar vidas e minimizar impactos na saúde pública. A memória das vítimas da Boate Kiss segue viva, e isso nos motiva a aprimorar continuamente nossas respostas e a estar sempre onde o Brasil precisa”, destaca o coordenador-geral da FN-SUS, Rodrigo Stabeli, reforçando a missão para a qual surgiu o grupo.

“E seguiremos atuando para que nenhum brasileiro fique desamparado em situações críticas. Trabalhamos lado a lado com estados e municípios, levando equipes médicas especializadas, insumos e apoio às gestões locais de saúde”, conclui.

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