PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A professora e assistente social Macaé Evaristo tomou posse nesta sexta-feira (27) como a nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania. Ao assumir o cargo , a ministra destacou a importância de promover a diversidade e de criar políticas que fortaleçam a convivência e a solidariedade na sociedade brasileira. Afirmou que os direitos humanos só fazem sentido quando impactam a vida cotidiana das pessoas, destacando o papel do ministério em realizar ações concretas nesse sentido. Ao lado do presidente Lula, Macaé reforçou que o ministério está ativo e pronto para enfrentar os desafios na promoção dos direitos e da cidadania no país.
“O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania está de pé, está vivo, temos tarefas concretas e muita coisa por fazer”, disse Macaé, em cerimônia no Palácio do Planalto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, o termo “direitos humanos” só tem sentido se for materializado na vida cotidiana das pessoas comuns.
“Tem uma palavra, presidente Lula, que vem da filosofia africana: ubuntu, que significa humanidade para todos. O termo, ao mesmo tempo que reafirma a beleza de cada um ser o que se é, chama a atenção para o entendimento de que só alcançamos a plenitude como indivíduos na coletividade, ‘eu sou porque nós somos’. E esta talvez seja maior vocação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania: humanidade para todos, direito à vida, à liberdade, à educação, à saúde e ao trabalho, direito à memória e à verdade”, disse Macaé.
“A minha maior credencial é ser uma pessoa absolutamente comum”, destacou, falando sobre sua trajetória de vida, de mulher preta do interior de Minas Gerais, criada apenas pela mãe, após a morte precoce do pai, e que teve a oportunidade de estudar.
“Infelizmente, na nossa sociedade brasileira, muita gente tem uma concepção de que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. E é o desafio fundamental para a gente construir a ação desse ministério porque a gente precisa entender a tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos”, acrescentou a nova ministra.
“No cenário global, a gente enfrenta uma nova investida do capita, que aposta na segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão e o extermínio de milhões de pessoas comuns, como eu, que diante do horror da fome, da peste, da guerra não sabem a quem recorrer. É por isso que a nossa tarefa é dialogar e disputar o próprio sentido dos direitos humanos”, explicou.
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Diversidade
Nomeada em 11 de setembro por Luiz Inácio Lula da Silva, Macaé Evaristo já está exercendo suas funções como ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, focada no combate à violência e preconceito, além da promoção de políticas públicas e direitos humanos. Após sua posse, ela se reuniu com secretários para definir as prioridades do ministério.
“O Ministério dos Direitos Humanos é dedicado a cuidar especialmente das pessoas mais vulneráveis do mundo social e estimular a convivência da diversidade, implementar um plano de ação que tenha como premissa a valorização das potências das populações das periferias, favelas, comunidades urbanas e do campo, que pavimentam os caminhos de um futuro de um Brasil sem fome, sem miséria, sem racismo, sem machismo, sem capacitismo, sem lgbtqia+fobia, sem etarismo, porque nós precisamos cuidar dos idosos”, disse a ministra.
Durante a posse de Macaé Evaristo como ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, a escritora e prima de Macaé, Conceição Evaristo, leu dois de seus poemas. Macaé substitui Silvio Almeida, exonerado após denúncias de assédio sexual, enquanto o STF e a Comissão de Ética investigam o caso. Anielle Franco, uma das vítimas apontadas, esteve presente na cerimônia junto a outras ministras e à primeira-dama Janja Lula da Silva.
Currículo
Nascida em São Gonçalo do Pará, Minas Gerais, em abril de 1965, Macaé tem trajetória na educação, na luta antirracista e na defesa dos direitos humanos. Graduada em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, é mestre e doutoranda em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Macaé exerceu mandatos como vereadora e deputada estadual e foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação de Belo Horizonte (2005 a 2012) e de Minas Gerais (2015 a 2018).
No Executivo federal, foi secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) no governo de Dilma Rousseff, quando coordenou programas como Escolas Indígenas e de cotas para ingresso de estudantes de escola pública, negros e indígenas no ensino superior. Integrou a equipe de transição do governo Lula, em 2022, no grupo de trabalho da educação.