RAPHAEL VELEDA
DO METRÓPOLES
A campanha da vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata, Kamala Harris, está comemorando muito o primeiro debate entre ela e o oponente republicano, Donald Trump, noticiam os principais veículos de mídia do país. Enérgica, a candidata que substituiu Joe Biden na corrida eleitoral conseguiu enervar seu adversário e deixá-lo na defensiva, avaliam os analistas. Os resultados eleitorais do debate, porém, são incertos – ainda na opinião dos norte-americanos. Com a eleição marcada para 5 de novembro, os candidatos estão colados na maioria das pesquisas.
“Desde os momentos iniciais de seu primeiro debate contra Donald J. Trump, Kamala Harris explorou astutamente a maior fraqueza de seu oponente”, diz texto de análise publicado no The New York Times, um jornal mais simpático aos democratas do que aos republicanos. “Não suas políticas divisivas. Não seu histórico de declarações inflamatórias. Em vez disso, ela mirou em uma parte muito mais primal dele: seu ego”, seguiu o jornal.
Em 1º debate, Trump e Kamala trocam acusações sobre aborto e imigração.
Para o NYT, entre seus apoiadores, Trump é “inquestionável, incontestável e nunca ridicularizado”, mas “isso mudou ao longo de 90 minutos na Filadélfia na terça-feira, quando a mulher que ele nunca havia encontrado conseguiu, aos poucos, furar seu casulo confortável e desencadear sua irritação e raiva”.
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Kamala, lembrou o jornal, questionou o tamanho e a lealdade das multidões nos comícios de Trump, disse que os líderes mundiais o chamam de “vergonha” e que sua fortuna foi construída por seu pai. Depois, diz o NYT, “ela assistiu enquanto Trump causava a si mesmo um grande estrago”.
Fox News vê Kamala como vencedora do debate
Mesmo a rede Fox News, bem mais favorável a Trump do que a Kamala, viu a vice-presidente como “grande vencedora” do debate da noite de terça-feira (10/9). “Está bem claro para mim que na terça-feira à noite, a vice-presidente Kamala Harris venceu o que pode ter sido o único debate entre ela e o ex-presidente Trump”, diz análise assinada na Fox pelo comentarista Doug Schoen, que criticou o evento promovido pela rede ABC News. “A vice-presidente também teve alguma ajuda. Ela foi auxiliada e instigada por dois moderadores da ABC News que aparentemente sentiram a necessidade de checar os fatos de praticamente tudo o que o ex-presidente disse”, reclamou ele.
“O ex-presidente estava claramente frustrado e se tornou mais estridente à medida que o debate de quase duas horas continuava. E a vice-presidente pareceu ganhar confiança renovada ao ver Trump vacilando sob questionamentos implacáveis dela e dos moderadores”, seguiu o analista da Fox News.
Ele, então, avaliou os efeitos do debate na eleição: “Embora Harris tenha claramente vencido o debate na minha opinião, não está nada claro que este debate, apenas 56 dias antes da eleição, impactará fundamentalmente o resultado em 5 de novembro. Digo isso porque Trump falou diretamente com sua base na terça-feira à noite. Seus apoiadores entenderam, assim como qualquer um, o quanto de preconceito a ABC News introduziu no processo. Com certeza, Harris tinha respostas melhores sobre aborto, assistência médica, mudanças climáticas e liderança para o futuro. Isso está claro”, seguiu Schoen.
“Os eleitores continuam irritados com a direção que o país está tomando, com o desempenho do presidente Biden e Harris, bem como em qual candidato eles confiam mais nas duas ou três principais questões que o país enfrenta: economia, imigração e lei e ordem”, concluiu ele, mantendo a confiança na campanha de Trump.
Trump e Bush perderam debates e ganharam eleições, lembra CNN
Na mesma linha, a rede CNN publicou análise avaliando que Kamala Harris foi melhor do que Donald Trump no debate entre os dois, mas também não viu nisso nenhuma garantia para a vice de Biden.
“Muitas vezes, são necessários dias ou semanas para que um debate presidencial penetre profundamente no eleitorado e para que impressões duradouras se estabeleçam”, diz a análise da CNN. “Candidatos que triunfam no palco do debate nem sempre vencem a eleição. Tanto Trump, em 2016, quanto o presidente George W. Bush, em 2004, foram julgados como tendo perdido debates, mas acabaram ganhando a Casa Branca”, concluiu a CNN dos EUA.
