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Polícia Terça-feira, 24 de Setembro de 2024, 14:55 - A | A

24 de Setembro de 2024, 14h:55 A- A+

Polícia / OPERAÇÃO SUSERANO

PC deflagra operação para investigar envolvimento de ex-secretário em irregularidades na execução de emendas parlamentares

Em resposta às acusações da CGE e à operação, Luluca emitiu uma nota oficial em que rebate as acusações, classificando as denúncias como um "erro crasso" e tendenciosas

PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO

A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, através da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), deflagrou nesta terça-feira (24) a Operação Suserano, que busca investigar um suposto esquema de irregularidades na execução de emendas parlamentares. A investigação foi motivada por uma denúncia feita pelo Governo de Mato Grosso à Controladoria Geral do Estado (CGE). Um dos alvos é o ex-secretário estadual de Agricultura Familiar (Seaf), Luluca Ribeiro.

O relatório de auditoria da CGE, que deu origem à operação, revelou indícios de sobrepreço de até 80% em relação ao valor de mercado para a compra de kits de agricultura familiar, totalizando um montante de R$ 28 milhões. Esses kits seriam adquiridos por meio de termos de fomento, levantando suspeitas sobre possíveis desvios ou fraudes no processo de compra, resultando em um prejuízo significativo aos cofres públicos.

Os policiais civis cumprem mais de 50 ordens judiciais, sendo 11 mandados de busca e apreensão, nos endereços dos investigados em Cuiabá, Várzea Grande e Alto Paraguai, por equipamentos eletrônicos e documentos.

O Poder Judiciário determinou o sequestro de imóveis e veículos e o bloqueio de bens e valores até R$ 28 milhões, além do afastamento dos servidores públicos envolvidos.

Conforme a decisão da Justiça, todos os envolvidos tiveram que entregar os passaportes e estão proibidos de manter contato entre si, com testemunhas e outros servidores da secretaria, além de não poderem acessar as dependências da Pasta. Empresas envolvidas foram proibidas de contratar com o Executivo Estadual.

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Esquema de Corrupção 

 

Em julho deste ano, o Governo de Mato Grosso informou à Controladoria Geral do Estado (CGE) sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo emendas parlamentares, o que desencadeou a investigação pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Na sequência, uma série de exonerações ocorreu, incluindo a do então secretário de Agricultura Familiar, Luluca Ribeiro.

Além dele, foram exonerados outros membros da equipe, como o secretário adjunto de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, Clóvis Figueiredo Cardoso, o secretário adjunto de Administração Sistêmica, Talvany Neiverth, a chefe de gabinete Aline Emanuelle Rosendo, e o assessor jurídico Ricardo Antônio de Lamonica Israfel Pereira. Essas exonerações sinalizaram o início de uma ação mais ampla do governo para investigar e responsabilizar os envolvidos no esquema, com foco na apuração de irregularidades na execução de emendas parlamentares para a compra de kits de agricultura familiar.

Luluca foi exonerado pelo governador Mauro Mendes em 23 de julho deste ano. Na nota ele afirma que a premissa utilizada pela CGE é equivocada e tem levado órgãos como o Ministério Público e a Polícia Civil a acreditarem que houve superfaturamento. Ao defender ainda que todas as aquisições realizadas em sua gestão respeitaram os princípios da administração pública, especialmente a da transparência.

O ex-secretário Luiz Artur de Oliveira Ribeiro ainda se colocou à disposição dos órgãos de controle e do Poder Judiciário para esclarecer quaisquer informações pertinentes à sua gestão à frente da Seaf.

Confira a nota na íntegra: 

Nota à imprensa

Diante das investigações da Operação Suzerano, deflagrada na manhã desta terça-feira (24), o ex-secretário de Estado de Agricultura Familiar de Mato Grosso (SEAF), Luiz Artur de Oliveira Ribeiro, conhecido como Luluca Ribeiro, esclarece que sua gestão à frente da pasta sempre foi pautada pelos princípios da administração pública, principalmente o da transparência.

Erro crasso e tendencioso no parecer da CGE - premissa equivocada ao tratar termo de Fomento como processo licitatório: Nesse sentido, avalia que é inverídica a informação contida em parecer emitido pela Controladoria Geral do Estado de Mato Grosso (CGE-MT), que foi encaminhado aos órgãos de controle e ao Poder Judiciário, afirmando que as aquisições feitas com recursos oriundos de emendas distribuídas nas secretarias de Estado obedecem a processo licitatório. Esse parecer induz o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Civil a erro, ao afirmar a necessidade de licitação e, ainda, ao utilizar preços públicos ao invés de preços de mercado, induzindo à conclusão pela existência de superfaturamento na citada compra de kits.

Isso porque todas as emendas seguem a Instrução Normativa Conjunta nº 01/2016 SEPLAN/SEFAZ/CGE, que estabelece que “os termos de colaboração ou de fomento que envolvam recursos decorrentes de emendas parlamentares às leis orçamentárias anuais e acordos de cooperação serão celebrados sem chamamento público”, em especial o artigo 45, que trata da Cotação de Preços, e não por normas de licitação. Após o parlamentar escolher um projeto e instituição, encaminha um ofício à Casa Civil indicando o instituto beneficiário, o objeto e o valor do projeto. Para o processo ter continuidade, é necessária autorização expressa do Secretário Chefe da Casa Civil para prosseguimento e também para pagamento. Espanta o fato de que a referida Instrução Normativa SEFAZ/CGE nº 01/2016, que rege desde 2016 todas as normas das OC’s, foi estranhamente modificada por meio da INC 04/2024, no dia da minha exoneração (23/07/2024).

Por fim, Luiz Artur de Oliveira Ribeiro sempre se colocou à disposição dos órgãos de controle e do Poder Judiciário para esclarecer quaisquer informações pertinentes à sua gestão à frente da Seaf, e espera que as investigações da Polícia Civil elucidem os fatos e restabeleçam a verdade.

Luiz Artur de Oliveira Ribeiro - Cuiabá-MT, 24 de setembro de 2024.

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