PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O novo prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que tomará posse na Câmara Municipal de Cuiabá, às 13 horas desta quarta-feira (1º), criticou duramente seu antecessor, Emanuel Pinheiro (MDB), por não ter efetuado o pagamento dos salários de dezembro dos servidores municipais. Abilio afirmou que esta é a primeira vez que presencia um prefeito deixar o cargo sem quitar os vencimentos dos funcionários públicos, classificando a situação como um "fim de gestão terrível" e uma "cidade abandonada".
"É a primeira vez que vejo isso: um prefeito que não paga o salário dos servidores de dezembro e deixa pro próximo a responsabilidade de pagar. É um fim de gestão terrível. Deixando para o próprio servidor uma dívida, para população... Uma cidade abandonada", disse Abilio.
Emanuel Pinheiro informou que o município terá condições de pagar os salários já nesta quinta-feira (2), com a entrada dos repasses do Governo do Estado referente ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), e que teriam inviabilizado a quitação dos salários de cerca de 17 mil servidores e mais de 5 mil aposentados, totalizando aproximadamente R$ 89 milhões.
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Abílio Brunini destacou que, ao assumir a prefeitura nesta quarta, ainda não tinha acesso às informações financeiras detalhadas do município, como o saldo em caixa, e que precisaria verificar a situação bancária para definir as medidas a serem tomadas. Ele também mencionou que a gestão anterior deixou dívidas com empresas da área da saúde devido a repasses atrasados, o que contribuirá para um início de mandato turbulento.
"Eu vou assumir agora. Não sei como está o cofre, o caixa. Vou tomar posse aqui e só aí vou ter acesso às senhas para saber como está a questão bancária da Prefeitura", afirmou.
O prefeito eleito de Cuiabá, também comentou sobre a possibilidade de quitar os salários atrasados de dezembro dos servidores municipais até o dia 5 de janeiro. Ele destacou que, neste momento, ainda não tem uma resposta definitiva sobre a situação financeira da Prefeitura, mas garantiu que irá avaliar as contas assim que tiver pleno acesso aos dados bancários. "Só poderei dar uma resposta concreta na quinta-feira (2), quando terei acesso total à real situação financeira de Cuiabá", explicou.
O novo prefeito reforçou que o compromisso com os servidores é uma prioridade e que, caso os recursos necessários não estejam disponíveis no momento, a quitação dos salários será realizada assim que o município começar a receber novas receitas.
"Se não tiver dinheiro agora, assim que tivermos as primeiras entradas de receita do município, temos que honrar esses compromissos", completou Abilio.
Proposta do novo prefeito
Durante sua campanha, em entrevista para o MT 1ª Edição, Abilio apresentou as linhas gerais das medidas que pretende adotar para enfrentar a dívida da Prefeitura, atualmente estimada em R$ 1,2 bilhão. Ele enfatizou que o foco de sua gestão será na renegociação de contratos, aumento da transparência nas receitas e despesas, e combate à corrupção como formas de reduzir o endividamento e melhorar a eficiência na gestão dos recursos públicos.
Brunini também destacou que haverá cortes em contratos superfaturados e ações para garantir uma melhor aplicação das receitas municipais. "O problema não é a receita. O problema está no mau gasto, nos contratos superfaturados, nos problemas de corrupção e na má aplicação dos recursos públicos", afirmou.
O prefeito demonstrou confiança de que essas medidas não apenas ajudarão a quitar a dívida, mas também permitirão a alocação de recursos em áreas prioritárias para a população, como saúde, educação e infraestrutura.
Durante sua campanha, Abilio também deu destaque para o uso de tecnologia como uma ferramenta essencial para combater a corrupção em sua gestão. Uma de suas propostas mais comentadas foi a instalação de câmeras de segurança em órgãos públicos para monitorar e coibir práticas ilícitas. Brunini afirmou que essa medida visa aumentar a transparência e accountability nos serviços públicos.
Quando questionado sobre o impacto dessa proposta na confiança dos servidores municipais, Brunini foi firme ao declarar que não há intenção de revisar o plano. Ele enfatizou que as câmeras não são destinadas a vigiar ou intimidar os servidores, mas sim a prevenir intervenções políticas inadequadas nos serviços públicos.
“O servidor está sendo pressionado com risco de perder o emprego. As câmeras não são para perseguir o servidor e sim o político que intervir no serviço público”, explicou Brunini durante uma entrevista para o MT 1ª Edição.
Sáude em Cuiabá
Conforme o plano de governo de Abilio, a saúde pública em Cuiabá está em estado crítico. A população enfrenta longas filas nas UPAs, falta de infraestrutura e escassez de medicamentos. Há um déficit significativo de profissionais de saúde, resultando em pacientes que esperam por meses, até anos, por cirurgias e exames essenciais, refletindo a ineficiência do sistema. A cobertura da Atenção Primária à Saúde em Cuiabá deixa cerca de 126 mil pessoas sem assistência adequada.
"Primeiro é necessário melhorar a estrutura das UPAs", declarou.
Para enfrentar esses desafios, é crucial implementar uma reforma abrangente no sistema de saúde de Cuiabá. Isso inclui desde a reestruturação administrativa e a transparência nos contratos até investimentos significativos em infraestrutura e recursos humanos. A transparência e a fiscalização rigorosa são essenciais para garantir que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e ética. Em resumo, a saúde em Cuiabá necessita de uma intervenção sistêmica e coordenada, implementação de políticas públicas eficazes e a erradicação da corrupção são passos fundamentais para garantir um atendimento de saúde digno e eficiente para todos os cidadãos.