PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira (19), investiga um plano golpista que tinha como objetivo impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin, eleitos em 2022. Entre os cinco militares presos, está o general da reserva Mário Fernandes, que teria afirmado em depoimento que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para o plano até o dia 31 de dezembro de 2022, data que marcava o fim de seu mandato.
Segundo a Agência Brasil, a informação consta em um relatório de inteligência da operação. O esquema supostamente envolvia ações para subverter o resultado das eleições presidenciais, mas foi frustrado antes da posse de Lula em 1º de janeiro de 2023.
No áudio enviado a Mauro Cid, Fernandes disse ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que o ex-presidente teria dito a ele que a "ação" poderia ocorrer até o último dia do seu mandato.
“Cid, boa noite. Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no dia de hoje. Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades", disse Fernandes.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, o general da reserva Mário Fernandes, atualmente preso na Operação Contragolpe, exerceu o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República.
De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), ele teria elaborado um documento intitulado "Punhal Verde e Amarelo", que detalhava um plano com foco em ações extremas, incluindo o sequestro ou assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
O arquivo, que faz parte do material apreendido pela PF, seria uma peça central no planejamento golpista investigado. O objetivo principal seria desestabilizar as instituições democráticas e impedir a posse dos eleitos em 2022. Segundo os investigadores, o documento evidencia a intenção de parte dos envolvidos de adotar medidas violentas para concretizar o plano.
Ainda segundo a PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto e levado para o Palácio da Alvorada, residência oficial de Jair Bolsonaro. O ex-presidente não é citado no caso como investigado.
"A investigação, mediante diligências probatórias, identificou que o documento contendo o planejamento operacional denominado Punhal Verde Amarelo foi impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022 e, posteriormente, levado até o Palácio do Alvorada, local de residência do presidente da República, Jair Bolsonaro", completou a PF.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro, até o momento, não se pronunciou sobre a operação da Polícia Federal.
Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que "pensar em matar alguém não é crime".
"Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido. Sou autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de 3 ou mais pessoas, pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas", declarou.