Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Nesta quinta-feira (21), o tenente-coronel Mauro Cid participa de uma oitiva perante o ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento ocorre em meio às contradições identificadas entre a delação premiada de Mauro Cid e as provas coletadas pela Polícia Federal relacionadas ao plano golpista supostamente articulado durante o governo Bolsonaro. Este esquema teria incluído planos para o assassinato de lideranças políticas, como o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Moraes.
O ministro Moraes convocou o militar para esclarecer omissões em sua colaboração com a Justiça, como a falta de menção a documentos e provas adicionais encontrados pela PF. Cid afirmou em sua delação que Bolsonaro teria consultado comandantes militares sobre a viabilidade de um golpe após a derrota eleitoral de 2022. Além disso, Moraes estaria analisando a condução de investigações futuras sobre as pessoas envolvidas no caso.
A oitiva de Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal, ocorrerá às 14h, e será conduzida diretamente pelo ministro Alexandre de Moraes. Essa escolha é algo fora do comum, pois normalmente o ministro relator nomeia um juiz auxiliar para interrogar os depoentes. Porém, neste caso específico, Moraes assumirá pessoalmente a responsabilidade pela oitiva do tenente-coronel, que está sendo chamado a esclarecer contradições em sua delação premiada sobre o plano golpista envolvendo figuras do governo Bolsonaro.
Mauro Cid prestou depoimentos em duas ocasiões esta semana. Na terça-feira (19) ele foi ouvido na sede da Polícia Federal em Brasília. Durante esse depoimento, os investigadores recuperaram arquivos que haviam sido deletados de seus dispositivos eletrônicos, trazendo à tona novas evidências que contrariam os relatos fornecidos anteriormente por Cid. Esses arquivos podem ajudar a esclarecer a extensão do envolvimento de Cid no esquema golpista que supostamente envolveu outros membros do governo Bolsonaro.
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Operação da PF
Na última terça-feira a Polícia Federal deflagrou uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes que resultou na prisão de quatro militares e um policial federal, todos envolvidos em um suposto plano golpista. A trama, de acordo com as investigações, visava assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Moraes. O planejamento de golpe foi encontrado em um documento que delineava, de forma estruturada, os passos necessários para a realização do golpe, incluindo detalhes sobre reconhecimento operacional e os armamentos necessários.
Os metadados de documentos recuperados indicam que o general da reserva Mario Fernandes, que na época atuava como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, foi o responsável pela elaboração do plano. Fernandes foi preso na mesma operação da Polícia Federal.
Os investigadores da Polícia Federal descobriram que o plano golpista foi elaborado com a participação do general da reserva Mario Fernandes e com a impressão de documentos no Palácio do Planalto, em dezembro de 2022. Nesse momento, o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro estavam presentes no local. Além disso, a PF descobriu detalhes alarmantes no planejamento, incluindo o intento de prender e até matar o ministro Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022.