ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O promotor de Justiça Eleitoral Márcio Florestan Berestinas pediu a cassação do prefeito eleito por Sorriso (397 km de Cuiabá), Alei Fernandes (União), e seu vice Acácio Ambrosini (União) por crime de 'caixa 2' sob a acusação de recebimento de doações ilícitas durante o período eleitoral de 2024.
A denúncia tem como base as investigações feitas pela Polícia Federal, que identificaram, em conversas de aplicativos de mensagens, o esquema entre doações ‘quentes’ e ‘frias’ para financiar as candidaturas dos eleitos. O posicionamento foi publicado na última quarta-feira (04).
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Ocorre que, às vésperas do primeiro turno da corrida eleitoral deste ano, o empresário Nei Franci, apoiador do, na época, candidato a prefeito de Sorriso, foi preso com R$ 300 mil em espécie uma uma abordagem policial feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O suspeito estava em uma caminhonete Toyota Hillux, adesivada com propaganda eleitoral do referido postulante.
Durante as investigações, a polícia conseguiu a quebra judicial do sigilo de dados do telefone de Nei, onde foram encontrados que, segundo a denúncia do MPE, confirmaram a existência de um esquema de caixa 2 para favorecer a campanha dos candidatos Alei e Acácio.
Ainda segundo a denúncia, baseada nas investigações da PRF, Nei não só ocupava exercia importante papel na campanha do prefeito eleito, como contava com a colaboração de Gilson Fernandes, irmão do candidato Alei Fernandes, Paulo César Lucion, Atílio Elias Rovaris, Valdir Daroit, Silvana Cristina Scarton, Antônio Cézar Neto (Toninho), César Roberto Shevinski, Iraci Carlos Camicia.
Diante da prisão se iniciou uma investigação da Polícia Federal contra o empresário que teve o celular confiscado. Em mensagens captadas, no aparelho, a equipe policial evidenciou um esquema de captação de doações ‘quentes’, quando se tratava de doações seguindo a legislação eleitoral, e ‘frias’, quando o dinheiro era doado por pessoas jurídicas, recurso ilegal para o financiamento de campanha.
Com base nisso, o promotor pontuou uma série de inconformidades praticadas pelo grupo que atuava no ‘financeiro’ de campanha da chapa pura do União Brasil que disputou e venceu as eleições. Além de configurar crime eleitoral e poder culminar na impugnação da posse de prefeito e vice, o esquema também pode ter ‘maquiado’ os reais gastos de campanha, que, conforme o site DivulgaCand, tinham limite de pouco mais de R$ 1 milhão. Alei gastou pouco mais de R$ 917 mil.
“Dessa forma, considerando os fortes indícios de caixa 2 é possível que a campanha do candidato Alei Fernandes tenha extrapolado o limite de gastos, considerando as doações recebidas e não declaradas, que foram possivelmente também utilizadas para o pagamento de despesas contratadas e não registradas na prestação de contas”, declara em trecho do texto e ainda acrescenta:
"Existem, portanto, Excelência, fortes elementos que apontam para a formação de um esquema que angariou doações para alimentar o caixa 2 da campanha de Alei Fernandes. A esse respeito, calha registrar que parte das doações não quentes obtidas para o caixa 2 da campanha já tenha sido identificada nos diálogos constatados no celular de Nei Francio".
Com isso, o promotor pede a cassação dos mandatos de prefeito e vice. Somado a isso, requereu ainda uma oitiva com testemunhas, sendo elas o delegado federal Tiago Marques Pacheco, o empresário Nei Francio, Atílio Elias Rovaris, Wendel José de Souza e Alan Zibetti Francio.
Atílio e Wendel supostamente estariam envolvidos no esquema. Enquanto Alan, que é filho de Nei, teria atuado como ‘laranja’ na realização das doações financeiras em favor de vários candidatos a vereador e a prefeito.
Foto: Divulgação