PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Federal (MPF) notificou o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes Ferreira, para que preste esclarecimentos sobre uma possível fala discriminatória contra indígenas da etnia Bóe Boróro durante uma entrevista concedida em janeiro deste ano. A notificação permite que o governador ofereça suas explicações em uma reunião presencial, on-line, ou por meio de uma retratação escrita. O prazo estabelecido para a manifestação do governador é de 15 dias.
Os fatos ocorreram após o governador falar, durante entrevista concedida ao programa Direto ao Ponto, veiculado ao vivo pela Rádio Jovem Pan, que a comunidade da Terra Indígena (TI) Tadarimana, em Rondonópolis (MT), “inventou” um corredor espiritual com a intenção de impedir a construção de uma ferrovia. O empreendimento a ser construído pretende ligar o município de Rondonópolis ao médio norte do estado.
“Nós tínhamos uma obra, temos uma importante obra que é uma ferrovia que vai ligar Rondonópolis até o médio norte da Rumo e o licenciamento estava tudo pronto e de repente no caminho não tinha nenhuma reserva indígena mais de 10, 30, 40 km, sabe o que eles inventaram, não, aqui tem um corredor espiritual. Entre uma reserva e outra que tava quase 60 km, inventaram um corredor espiritual, queriam parar uma obra porque tinha um corredor espiritual de alguns pajés, de algumas tribos de indígenas que habitaram ali algumas dezenas de anos atrás”.
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Os indígenas Bóe afirmaram que as declarações de Mauro Mendes foram extremamente ofensivas e prejudiciais à sua comunidade, reforçando estereótipos negativos e desrespeitando sua história e identidade cultural. Eles ressaltaram a importância de se preservar a memória e os direitos das comunidades indígenas, que historicamente têm sido alvo de discriminação e violações de seus direitos.
Portanto, a busca por uma retratação pública por parte de Mauro Mendes é vista como um primeiro passo para reparar o dano causado e reconhecer a gravidade de suas declarações. Além disso, a demanda pelo reconhecimento das terras ancestrais do povo Bóe Boróro é fundamental para garantir a preservação de seu modo de vida e sua conexão com o território.
