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Política e Eleições Quinta-feira, 05 de Setembro de 2024, 07:45 - A | A

05 de Setembro de 2024, 07h:45 A- A+

Política e Eleições / CANDIDATO NEGA

Pablo Marçal concedeu poderes a empresário investigado por tráfico internacional de drogas em Mato Grosso

A procuração transferiu para Ciorlin a responsabilidade sobre a obtenção de documentos da aeronave PR-FAC, um Cessna Aircraft modelo 510 de 2008 que foi comprado por Marçal em outubro de 2021 por R$ 9,13 milhões.

ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

Cinco meses após ser preso pela Polícia Federal (PF) por envolvimento com tráfico internacional de cocaína, em 6 de maio de 2021, o piloto Florindo Mirando Ciorlin recebeu de Pablo Marçal, atual candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, uma procuração dando plenos poderes para representá-lo junto a órgãos do governo federal.

O elo de Marçal e Ciorlin - acusado pelo Ministério Público Federal de facilitar o transporte de cerca de 5 toneladas de cocaína da Bolívia para o Brasil em aviões que ele negociou - veio à tona no debate do último domingo (1º) na Tv Gazeta e canal My News.

O ex-coach ficou acuado após a relação ter sido revelada por Tabata Amaral (PSB), que questionou a integridade de Marçal para discutir políticas de combate à Cracolândia, dado seu suposto envolvimento com o tráfico.

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"Não estavam querendo ressaltar um grande risco que a gente tem nessa eleição que é de um criminoso, que tem inúmeras ligações com o crime organizado, querer ser prefeito da maior cidade do país", afirmou a candidata do PSB.

Aviões do tráfico

Sócio de um hangar em Fernandópolis, no interior de São Paulo, Florindo Miranda Ciorlin foi preso por ter negociado aeronaves com traficantes.

Segundo reportagem de Tácio Lorran, no Metrópoles, ele também teria dado aulas para pilotos do megatraficante Ary Flávio Hernandes, que está preso desde a operação que teve os irmãos Ciorlin como alvos em 2021  por traficar cerca de 4 toneladas de cocaína da Bolívia para o Brasil.

Hernandes chegou a fugir da prisão em uma "saidinha" e foi encontrado novamente na Bolívia.

As investigações sobre a quadrilha começaram em 2019 e ganharam repercussão em reportagem de Roberto Cabrini, na TV Record, em 2021 - antes de Ciorlin ser alçado a procurador de Marçal.

A operação Grão Branco, desencadeada na ocasião, envolveu mais de 110 mandados de prisão e busca e apreensão em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amazonas, Maranhão, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. 

Piloto, Ciorlin é dono da Preflight Serviços Aeronáuticos Ltda. junto de seu irmão, Ewerton Miranda Ciorlin. A empresa intermedia compra e venda de aeronaves para o tráfico internacional, segundo a Polícia Federal.

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Como procurador de Marçal, o réu por tráfico de cocaína tinha plenos poderes para falar em nome da Aviation Participações Ltda, que tem o ex-coach como sócio.

A procuração transferiu para Ciorlin a responsabilidade sobre a obtenção de documentos da aeronave PR-FAC, um Cessna Aircraft modelo 510 de 2008 que foi comprado por Marçal em outubro de 2021 por R$ 9,13 milhões.

A defesa de Florindo alega que o empresário apenas fazia seu trabalho de forma legal e as transações de aviões para os traficantes ocorreram dentro de “padrões internacionais de cuidado”. 

No programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira (02), Marçal disse que não sabia que Ciorlin, que saiu da cadeia no dia 17 de maio de 2021, tinha ligação com o tráfico de cocaína ao contratá-lo em outubro do mesmo ano.

“O que eu vou fazer? Foi só para uma compra de aeronave. Eu não fiz negócio com ele não, é igual você ir no Detran. A aeronave foi transferida para mim e acabou”, disse.

“Eu fiquei sabendo isso pela reportagem. Daí eu ligo no jurídico. Imagina alguém que fatura o que eu faturo saber esse tipo de coisa”, emendou.

Outro lado

A assessoria de Pablo Marçal afirmou que o candidato “não possui qualquer relação pessoal com o Sr. Florindo, sendo sua atuação restrita a um contrato profissional para a realização de transferências de aeronaves.”

Por sua vez, o advogado Henrique Tremura Lopes, que representa Florindo Ciorlin na ação, disse que a Preflight não interrompeu os serviços após a Grão Branco e que “continua atuando até hoje da maneira como sempre atuou”.

“O Florindo e o Ewerton, apenas e tão somente, prestam serviços de assessoria de transferência e compra e venda de aeronaves. Nunca tiveram qualquer envolvimento com qualquer integrante da suposta organização. A única coisa que fizeram é que, quando um cliente os procura, eles prestam assessoria da forma como prestam a qualquer cliente, e foi isso que aconteceu neste caso”, afirmou o advogado.

 

 

 
 

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