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Política e Eleições Quarta-feira, 23 de Outubro de 2024, 16:40 - A | A

23 de Outubro de 2024, 16h:40 A- A+

Política e Eleições / BLOCO REUNIDO

Presidente Lula leva Aliança Global contra a Fome, tributação dos super-ricos e clamor pela paz à Cúpula do Brics

Por videoconferência, presidente participa da 16ª reunião do bloco. E pede diálogo contra a escalada de "guerras com potencial de se tornarem globais"

ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na manhã desta quarta-feira (23) por videoconferência na reunião ampliada da 16ª Cúpula do Brics.  Na primeira sessão de trabalho do dia, iniciada às 6h (horário de Brasília) em Kazan, na Rússia, o presidente foi representado pelo ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores. Na segunda sessão, Lula falou aos líderes do bloco por videoconferência.

Lula abriu seu discurso mencionando a proposta brasileira de Aliança Global contra a Fome e à Miséria, apresentada pela presidência do País no G20, em novembro. Convidou os parceiros do Brics a aderir à aliança. E também a ajudar a construir outra proposta importante do Brasil, a de se criar um regime global de tributação dos super-ricos. O presidente defendeu a discussão de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional, de modo a favorecer as transações comerciais entre os países emergentes. E saudou a presidência de Dilm Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do Brics, que atualmente financia cerca de 100 projetos de desenvolvimento e infraestrutura.

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Diálogo contra a escalada de violência

Lula citou fala do presidente da Turquia na ONU, que classificou o território de Gaza, atacado por Israel por meses, como o maior cemitério de mulheres e crianças do mundo. "Essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano", afirmou. E fez um apelo para que o mundo reaja para promover negociações de paz entre Ucrânia e Rússia, diálogo "crucial" se evitar, ainda, uma escalada de conflitos na região e no mundo.

"No momento em que enfrentamos duas guerras com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar junto sem prol de objetivos comuns. Por isso, o lema da presidência brasileira (no Brics, a partir de 2025) será: fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável."

Presidência brasileira

Mauro Vieira chefia a delegação brasileira nos demais compromissos presenciais e reuniões bilaterais. Vieira participou ontem (22) de jantar de abertura da cúpula do Brics, na cidade russa. Antes, o chanceler manteve encontro de trabalho com o chanceler do Egito, Badr Abdelatty.

Os ministros manifestaram preocupação com a inação da comunidade internacional em relação à tragédia humanitária em Gaza, aos ataques israelenses ao Líbano e à perspectiva de alastramento regional do conflito ainda maior. Discutiram também a participação do Egito na cúpula do G20, no Rio de Janeiro, bem como temas da cúpula do Brics e da futura presidência brasileira do bloco, a partir de janeiro de 2025.

Além das reuniões, uma restrita e outra ampliada dos países membros do Brics nesta quarta, um encontro entre representantes de 30 países com interesses comuns aos do bloco está marcada para quinta (24), último dia da cúpula.

16ª Cúpula do Brics

A reunião acontece em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de outubro. O encontro prevê a a emissão de uma declaração intitulada Fortalecendo o Multilateralismo para o Desenvolvimento Global Justo e Seguro. O documento contém 106 parágrafos que abrangem os avanços alcançados durante negociações setoriais, como informa o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia. 

Essa será a primeira cúpula do Brics com a participação dos cinco novos membros que ingressaram no bloco este ano: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia. Até o ano passado, o Brics era formado apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No dia 23, a delegação ministerial brasileira acompanha as sessões plenárias dos membros do bloco. A presidência russa convidou para o encontro cerca de 30 países e organizações internacionais.

Durante a cúpula, os líderes dos atuais 10 países membros discutirão temas globais como a crise do Oriente Médio, operação política e financeira dentro do bloco, além de receberem relatórios sobre os trabalhos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), do Conselho Empresarial do Brics e da Aliança Empresarial das Mulheres. No segmento com convidados, por sua vez, estão previstas discussões sobre questões internacionais de cooperação para o desenvolvimento sustentável e inclusivo.

O principal tema da reunião de Kazan é a criação da categoria de países parceiros. "Na Cúpula de Joanesburgo, em 2023, foram incorporados novos membros plenos e, naquela ocasião, se encomendou ao canal de Sherpas a elaboração da categoria de parceiros. É nisso que é consumido o nosso trabalho neste semestre, quais são os critérios para essa modalidade, e há uma expectativa de que, aprovada essa modalidade, possa ser feito um anúncio dos países que seriam convidados para integrar essa categoria", detalhou Saboia (confira vídeo do briefing apresentado pelo Itamaraty nasemana que passou).

Presidência brasileira

O Brasil assumirá a presidência do Brics em 1º de janeiro de 2025, e o país tem uma tradição de presidências produtivas e voltadas para resultados concretos. "Em 2014, durante a presidência brasileira do BRICS, foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas, dois dos maiores êxitos do bloco. Então, será uma presidência austera, mais focada em resultados", pontuou o embaixador.

O QUE É — O Brics é uma parceria entre as maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia. A primeira cúpula – ainda sem a África do Sul - ocorreu em 2009, na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia.

O diálogo entre os países se dá em três pilares principais: cooperação em política e segurança, cooperação financeira e econômica, e cooperação cultural e pessoal. Cerca de 150 reuniões são realizadas anualmente em torno desses pilares. O principal objetivo do bloco, por meio da cooperação, é alterar o sistema de governança global, com uma reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da ONU, além de introduzir alternativas às instituições como o FMI e o BID para o fomento às economias emergentes, como é o caso do NDB.

 

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