ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
A Operação Raízes do Cedro, criada pelo Governo Federal para repatriar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio, superou nesta terça-feira (05), dois mil brasileiros e familiares resgatados do Líbano. A marca foi atingida com a chegada a São Paulo do décimo voo da missão. A aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou nesta madrugada, às 4h06, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, com 213 passageiros a bordo, incluindo seis crianças de colo, além de quatro pets. A operação já resultou na repatriação de 2.072 brasileiros e familiares, além de 24 animais domésticos, desde 5 de outubro, quando teve início a Operação Raízes do Cedro.
PESAR – O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar e consternação, da morte da bebê brasileira de um ano de idade Fatima Abbas, em Beirute, vítima das consequências de ataque israelense no último sábado (2/11), no subúrbio de Hadeth, ao sul da capital libanesa. O conflito no Líbano já resultou na morte confirmada de três brasileiros, todos menores de idade e vitimados por ataques israelenses. Ao expressar à família de Fatima Abbas as mais sentidas condolências e estender toda a sua solidariedade, o governo brasileiro reitera a condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos e injustificados ataques aéreos israelenses contra zonas civis no Líbano e renova o apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades.
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INSUMOS — Além de resgatar os brasileiros e familiares, o deslocamento das aeronaves até o Líbano é usado pelo Brasil para enviar insumos estratégicos de medicamentos e alimentos para aquele país. No sábado (2/11), o KC-30 usado no décimo voo decolou do Brasil com uma carga que continha 3.734 ampolas de filgrastim e 146 ampolas de anfotercina B lipossomal. Somados, os medicamentos oncológicos pesavam aproximadamente 90 quilos e foram solicitados para atender um hospital pediátrico em Beirute. Juntos, ambos os medicamentos poderão beneficiar mais de quatro mil crianças com câncer na região. O transporte foi realizado em caixas especiais para manter a temperatura controlada entre 2°C e 8°C, de forma a garantir a integridade e a eficácia dos produtos durante a viagem. O avião também levou cestas básicas arrecadadas pela Associação Unidos pelo Líbano - UpL totalizando 27,3 toneladas.
OITO CARGAS – A Operação Raízes do Cedro já possibilitou doações ao Líbano de oito cargas de medicamentos, insumos médico-hospitalares e envelopes para reidratação oriundos dos estoques públicos do SUS administrados pelo Ministério da Saúde, além de medicamentos e cestas básicas arrecadados pelas representações diplomáticas e consulares do Líbano no Brasil e doadas por empresas brasileiras. As doações feitas pelo Ministério da Saúde atendem à demanda apresentada pela Embaixada do Líbano em Brasília, em setembro passado. A cooperação humanitária internacional do Brasil recorre a estoques públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), administrado pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, doações são realizadas após análise técnica que assegura não haver risco de comprometimento do abastecimento nacional no âmbito do SUS.
NOVOS VOOS — O Itamaraty, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, está em contato com brasileiros e seus familiares próximos para prestar-lhes assistência consular e verificar a necessidade de promover novo voo de repatriação, a depender das condições de segurança no terreno. O governo brasileiro reitera o alerta para que todos sigam as orientações de segurança das autoridades locais e, para os que disponham de recursos para tal, que procurem deixar o território libanês por meios próprios. O aeroporto de Beirute continua em operação, com voos da companhia libanesa Middle East Airlines. Os números de plantão consular do Itamaraty seguem à disposição, em caso de necessidade, ambos com Whatsapp: +55 (61) 98260-0610 e +55 (61) 98313-0146
ACOLHIMENTO – Assim que deixam a aeronave, os brasileiros e familiares contam com o acolhimento de profissionais a serviço do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, da Força Nacional do SUS (Saúde), da Polícia Federal e da Receita Federal (veja detalhamento abaixo). Nas escalas técnicas em Lisboa, a operação tem suporte da Embaixada, via Consulado-Geral e Adidância de Defesa na capital portuguesa.
ASSISTÊNCIA — Ao chegarem ao Brasil, as famílias são recebidas por equipes especializadas do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, e da Agência da ONU para as Migrações (OIM), que acolhem as demandas imediatas e avaliam se as pessoas têm redes de proteção familiar ou social no Brasil, além de determinar a necessidade de acolhimento em abrigos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de hospedagem temporária e, nos casos de famílias em condição de vulnerabilidade, a possibilidade de passarem a integrar programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família.
SAÚDE — Outro grupo que atua na chegada dos resgatados do Líbano é o da Força Nacional do SUS, composta por médicos, enfermeiros e psicólogos que oferecem cuidados quanto à saúde física e mental dos repatriados. A equipe recebe uma espécie de manual de costumes do país, envolvendo cultura, comportamento, vestimenta, linguagem, religião e alimentação para prestar um atendimento mais humanizado e acolhedor. A operação é dividida em três eixos: equipe de acolhimento que dá boas-vindas aos repatriados, em sua língua mãe; equipe com experiência em urgência e emergência que fica em espaço estratégico, de prontidão para prestar assistência aos passageiros que precisam de atendimento imediato; e a equipe na tenda montada com equipamentos e dispositivos necessários para prestar atendimento médico e psicossocial. Entre os atendimentos, as maiores ocorrências são de acolhimento, leve desidratação, primeiros cuidados psicológicos e crise hipertensiva.
IDENTIFICAÇÃO — A força-tarefa de acolhimento de brasileiros repatriados do Líbano também conta com a presença do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que auxilia no controle e identificação dos recém-chegados. O trabalho é feito com apoio da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O QUE É — A Operação Raízes do Cedro foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir do acirramento do confronto entre Israel e o grupo Hezbollah, que atua no Líbano. A logística de repatriação envolve o uso de aeronaves e de servidores da Força Aérea Brasileira e um intenso trabalho de articulação do Itamaraty.