DA REDAÇÃO
A aquisição de 58% do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), avaliada em R$ 3,5 bilhões, representa mais do que uma transação bilionária entre duas instituições financeiras.
O negócio escancarou um dos maiores desafios estruturais do sistema bancário brasileiro: a resistência dos grandes bancos à entrada de novos concorrentes de peso.
Desde o anúncio da fusão, o mercado passou a observar uma movimentação incomum. Sem êxito nas vias regulatórias, os gigantes do sistema financeiro acionaram outra estratégia: a utilização da mídia para ressuscitar antigos questionamentos e alimentar dúvidas sobre a operação.
Um mercado altamente concentrado
Apesar dos avanços das fintechs e da digitalização, o setor bancário brasileiro segue sob domínio de cinco grandes instituições que concentram quase 80% do crédito disponível no país. O acordo entre BRB e Banco Master surge como uma ameaça direta a essa estrutura, ao reunir a robustez de um banco estatal e a agilidade de um player privado.
O temor de ver essa dupla romper o oligopólio vigente explica a ofensiva silenciosa nos bastidores, que agora ganha as páginas de veículos tradicionais através de reportagens que questionam temas já esclarecidos oficialmente, como as emissões de CDBs do Master e a capacidade financeira do BRB.
A imprensa como ferramenta estratégica
Fontes ouvidas pela reportagem apontam que as matérias recentes carecem de fatos novos e parecem ressuscitar velhos temas de forma coordenada. Em comum, todas as reportagens giram em torno de suposições já esclarecidas nos comunicados oficiais da operação.
“Não se trata de nova denúncia ou fato novo. São as mesmas questões já analisadas pelas autoridades reguladoras”, afirma um especialista em regulação bancária.
Não se trata de nova denúncia ou fato novo. São as mesmas questões já analisadas pelas autoridades reguladoras
A estratégia mira, principalmente, na opinião pública e no ambiente institucional, com objetivo de gerar ruído e atrasar ou enfraquecer a decisão dos órgãos de controle, como Banco Central e CADE.
Efeitos para o consumidor
O episódio levanta um debate essencial: a quem interessa manter o mercado bancário concentrado? Na prática, a limitação de concorrência impõe juros mais altos, menos opções de crédito e serviços bancários de alto custo ao consumidor final.
A fusão entre BRB e Banco Master poderia, na visão de analistas, pressionar positivamente o mercado, forçando os grandes a oferecerem condições mais vantajosas.
O jogo continua
Internamente, BRB e Banco Master mantêm o discurso de confiança, destacando que todos os passos da operação foram públicos e transparentes.
A expectativa é de que a análise do Banco Central e do CADE siga seu curso normal, apesar das tentativas de interferência indireta.
O episódio reforça a necessidade urgente de repensar a concentração bancária no país e o papel que grandes instituições e a mídia desempenham na manutenção desse cenário.
