DA REDAÇÃO
Um dia após a vitória inédita sobre a campeã mundial Austrália, o Brasil voltou a fazer história na etapa de Vancouver (Canadá) do Circuito Mundial. As Yaras derrotaram a Grã-Bretanha por 19 a 10 na noite deste domingo (23), e conquistaram o melhor resultado do país em todos os tempos na elite mundial: quinto lugar. A seleção feminina superou a campanha de Dubai 2021, quando havia alcançado o sexto lugar. Porém, à época, apenas dez seleções haviam disputado o evento. Confira o jogo aqui.
“Estou extremamente orgulhosa por termos feito história três vezes neste fim de semana: conquistando a primeira vitória do Brasil sobre a Austrália, sendo líderes na fase de grupos pela primeira vez e terminando o torneio em quinto lugar. São fatos marcantes, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Queremos buscar consistência e aperfeiçoar o estilo de jogo verdadeiramente brasileiro. Este é só o começo”, diz a treinadora neozelandesa Crystal Kaua, que assumiu a seleção em outubro do ano passado.
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Assim como já havia ocorrido contra a Austrália e a Espanha, as Yaras mostraram poder de recuperação ao longo da partida contra as britânicas e venceram o jogo de virada. Grace Compton anotou o primeiro try logo aos 2 minutos. No lance seguinte, foi a vez de Thalia arrancar pelo lado direito, rente à linha lateral, e empatar o jogo. Raquel Kochhann ainda garantiu os dois pontos da conversão e colocou o Brasil na dianteira do placar. Mas, em mais uma jogada bem trabalhada das britânicas, Compton voltou a anotar um try, colocando sua equipe em vantagem antes do intervalo: 10 a 7.
Na segunda etapa, em uma linda finta sobre duas adversárias, Yasmim Soares assinalou o segundo try brasileiro e viu Raquel, mais uma vez, fazer a conversão. O Brasil só ficou mais tranquilo no marcador quando Thalia fez novo try e deu números finais à partida: 19 a 10.
“O sucesso nesta etapa foi um verdadeiro esforço de equipe, que vai muito além das jogadoras em campo. Foi uma conquista de todo o grupo, incluindo quem está aqui no Canadá, quem está no Brasil e quem atua nos bastidores. Este resultado não teria sido possível sem o trabalho incansável de cada profissional envolvido”, complementa Crystal.
A campanha brasileira em Vancouver começou com derrota para as anfitriãs (26 a 19), mas foi seguida de duas vitórias: 14 a 12 sobre as australianas e 19 a 17 contra as espanholas, garantindo as Yaras na liderança do Grupo A. Nas quartas de final, a seleção não se encontrou contra Fiji e acabou superada por 46 a 0. Já contra a Grã-Bretanha, nova reação e primeira vitória sobre as adversárias desde 2021, garantindo o quinto lugar.
Com o resultado, o Brasil soma 12 pontos no ranking e chega a 26 após quatro etapas, mantendo-se em nono lugar na classificação geral. Ainda que tenha ultrapassado a Irlanda, as Yaras viram Fiji ficar com o vice-campeonato em Vancouver e alcançar os mesmos 26 pontos, mas levando vantagem no critério de desempate: melhor colocação em uma etapa.
Os próximos compromissos da seleção feminina pelo Circuito Mundial são em Hong Kong (28 a 30 de março) e Singapura (5 e 6 de abril). Para seguir na briga pelo título, cuja etapa decisiva ocorre em Los Angeles (EUA), nos dias 3 e 4 de maio, e garantir permanência na elite na próxima temporada sem precisar disputar uma repescagem, o Brasil precisa ficar entre os oito primeiros.
Lei de Incentivo ao Esporte
Muitas das jogadoras que estão na seleção brasileira de rugby são oriundas de projetos sociais que associam a prática do esporte com a capacitação educacional e profissional das atletas. E o Ministério do Esporte tem sido um parceiro essencial na estratégia da transformar o esporte em uma ferramenta de inclusão social, atuando preferencialmente junto às comunidades onde os índices de vulnerabilidade são maiores.
O projeto Nina, por exemplo, que começou com o trabalho de voluntários, foi aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) e graças a isso, em suas três edições, conseguiu captar recursos que transformaram o voluntariado em atividade profissional remunerada, ampliando e qualificando o alcance das suas metas.
Segundo Leca Jentzsch, Gerente Nacional do Projeto Nina, as mulheres compõem 86% da mão de obra do projeto, o que não impede a participação masculina. Mais de 400 meninas são atendidas em 21 clubes esportivos espalhados por seis estados, nas cinco regiões brasileiras. Além do treinamento esportivo e a organização de campeonatos entre os clubes, o projeto oferece cursos de capacitação presenciais e online, realiza lives que ajudam a prevenir a violência contra mulheres, explica os tipos de assédio e como enfrentá-los, produz material didático e ensina como formular projetos que atendam as exigências LIE.
As Yaras
As jogadoras de rugby do Brasil são chamadas de Yaras por referência à guerreira Yara, da mitologia Tupi-Guarani. O nome foi escolhido para simbolizar o espírito guerreiro da mulher brasileira.