PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Cuiabá, berço de uma rica tapeçaria cultural, vem enfrentando críticas de artistas e gestores culturais diante da aparente negligência da administração do prefeito Abilio Brunini. Enquanto outros setores recebem investimentos e atenção, as manifestações culturais – que vão dos festivais tradicionais aos projetos comunitários – têm sido deixadas de lado, comprometendo uma herança marcada por influências indígenas, africanas e europeias.
O recente bloqueio dos recursos da Lei Aldir Blanc 2, destinados a mais de 40 projetos já aprovados, é mais um capítulo preocupante na política cultural da gestão do prefeito. Representantes do meio artístico denunciam que a justificativa de que a Controladoria-Geral do Município precisa analisar individualmente cada projeto é, na prática, um entrave burocrático. Esse argumento não só atrasa a execução de iniciativas culturais, mas também prejudica o potencial transformador da arte, que gera empregos, movimenta o turismo, fortalece o comércio e promove a inclusão social.
"Sem políticas públicas eficazes que estimulem a produção artística e a valorização dos espaços culturais, arriscamos perder uma parte vital da identidade cuiabana", afirma um artistas da cidade.
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Sem recursos para o carnaval
Este ano, os festejos de Momo em Cuiabá só aconteceram graças ao apoio do Governo do Estado. Isso porque o prefeito Abilio, evangélico declarado, decidiu não repassar recursos para o evento e também se recusou a entregar as chaves da cidade ao Rei Momo – um ritual tradicional do Carnaval brasileiro que simboliza a passagem do poder festivo e a celebração da cultura popular.
Em vez de participar das festividades, o prefeito escolheu estar presente em eventos religiosos e justificou sua decisão com uma publicação nas redes sociais:
"Neste carnaval, o Rei Momo não vai colocar as mãos na chave de Cuiabá. Neste ano entreguei as chaves de Cuiabá nas mãos do Rei dos reis, Senhor dos senhores, o nosso Senhor Deus."
A recusa da prefeitura em apoiar o evento foi justificada pelo decreto de calamidade financeira assinado no início do governo. No entanto, a decisão gerou críticas de artistas, produtores culturais e parte da população, que veem na medida mais um reflexo da falta de incentivo à cultura na capital. Enquanto isso, apoiadores do prefeito defendem que a gestão precisa priorizar gastos e respeitar valores religiosos.
Economia da Capital: a importância da cultura no desenvolvimento urbano
A cultura, além de impulsionar a economia local, beneficiando setores como hotelaria, alimentação e transporte, é essencial para a construção de uma sociedade mais crítica, diversa e humana.
Quando o prefeito ignora a importância da arte, ele também enfraquece os pilares da identidade e memória de um povo. Para a comunidade cultural de Cuiabá, essa postura representa não apenas um descaso com o direito constitucional à cultura, mas também um retrocesso no desenvolvimento social da cidade.
Artistas e gestores culturais clamam por políticas públicas que realmente apoiem e fomentem a produção artística, afirmando que o bloqueio dos recursos não apenas atrasa a agenda cultural, mas também coloca em risco o desenvolvimento de iniciativas inovadoras e a manutenção de espaços históricos.