DO DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
Foi um final de semana típico nos bastidores da Faria Lima: efervescente, frenético e, claro, recheado de mensagens em grupos de WhatsApp com análises mais passionais do que fundamentadas. A protagonista da vez? A anunciada fusão entre o Banco Master e o BRB.
Como de costume, os autoproclamados oráculos do mercado financeiro não perderam tempo em espalhar fake news com a velocidade de um trader em dia de payroll.
Entre os boatos mais criativos — e totalmente infundados —, um suposto encontro entre Gabriel Galípolo e os controladores de Itaú e BTG. Pena que faltou combinar com o protocolo: qualquer reunião do presidente do Banco Central deve ser devidamente registrada e comunicada ao público. Pequeno detalhe, mas que escapa quando o objetivo é plantar dúvida, não esclarecer.
O que realmente chama a atenção, porém, não são as inverdades em si — essas são quase folclóricas —, mas o entusiasmo com que alguns torcem contra a operação. Será que escapou a esses especialistas de ocasião que, se der errado, o estrago respinga em muita gente?
As plataformas de distribuição, por exemplo, que venderam CDBs do Banco Master com comissões mais generosas que as habituais — estarão elas prontas para discutir co-responsabilidade? Ou vamos fingir que não sabíamos?
O Banco Central, esse que deve zelar pela estabilidade do sistema, teria ignorado os passos do Master nos últimos anos? Ou esteve, como se espera, ciente e atuante, mesmo que de forma discreta?
E o FGC? Garantidor de mais de R$ 50 bilhões em dívidas. Em tese, deveria estar torcendo mais pela fusão do que pelo hexa da seleção brasileira.
Há ainda aqueles bancos que levantam a mão para se autoproclamar os paladinos da ética financeira, posicionando-se contra a fusão. Motivo? Altruísmo? Preocupação com o sistema? Ou mero receio de enfrentar uma nova concorrência em pé de igualdade?
Diga-se de passagem: até prova em contrário — ou melhor, até que alguém aponte uma fraude concreta —, o Banco Master jogou dentro das quatro linhas, seguindo o regulamento vigente. Se há pecado por aqui, talvez seja o da inveja. Inveja de um banqueiro, que se vê ameaçado por um novo estereótipo de banqueiro na Faria Lima.
E se, no fim das contas, tudo isso for também uma peça no tabuleiro político? Uma tentativa desesperada de provocar instabilidade econômica no país a menos de dois anos de uma eleição? Porque, veja bem, este colunista é oposição declarada ao governo. Mas nem por isso deseja um colapso financeiro para a já tão sofrida população.
A verdade é que os méritos da operação estão postos. A diminuição de custo financeiro do banco Master aliado à nova agilidade da instituição fundida trará ao país mais um novo grande player. Fica difícil saber se o incômodo é técnico, estratégico ou meramente pessoal. Em todo caso, como diria o sábio da esquina: quem não tem telhado de vidro, que atire a primeira pedra.