ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, lançou nesta quarta-feira (07) o Raízes Comex, programa que busca maior equidade racial no comércio exterior, com cursos de capacitação profissional e apoio a empresas exportadoras lideradas por negros e negras. Além do programa, o MDIC apresentou estudo inédito sobre diversidade de raça no setor.
Participaram da cerimônia a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; a primeira-dama Janja Silva; e representantes de entidades parceiras no programa, entre eles Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da ApexBrasil, e Márcia Schäffer, coordenadora de Gestão de Conhecimento do Instituto Procomex; além da secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, do secretário de Economia Verde de Descarbonização, Rodrigo Rollemberg, e da secretária de Competitividade e Políticas Regulatórias, Andre Macera.
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Em sua fala, Alckmin destacou a importância de haver mais oportunidades para pretos e pardos no comércio exterior, área que “gera emprego, agrega valor e promove o desenvolvimento do país”.
O ministro disse que o governo vai trabalhar “firmemente” por uma “forte presença” de negros em firmas de exportação e importação, e encerrou sua fala com uma citação ao engenheiro e abolicionista André Rebouças (1838-1898).
“O que dizia André Rebouças?”, perguntou Alckmin. “Ele dizia que não se pode compreender o Brasil sem o negro. É ele a base da nossa nacionalidade, a base da nossa cultura e a base da nossa economia”.
Atitudes concretas
Anielle Franco, da Igualdade Racial, ressaltou o quanto políticas públicas afirmativa são necessárias para que populações historicamente excluídas possam tem acessos às melhores oportunidades, lembrando o caso dela própria, que se beneficiou da política de cotas para construir sua carreira acadêmica.
“Então, essa é uma pauta importantíssima, é uma pauta que a gente precisa cada vez mais fortalecer, ampliar”, disse. “É importante permanecermos cada vez mais firmes, confiantes na luta que a gente precisa ter, mas, além disso, também com políticas públicas, com atitudes concretas”.
Na mesma linha, a primeira-dama Janja da Silva sublinhou o papel do Estado na promoção da igualdade. “O que a gente precisa é facilitar caminhos. Quando a gente começa a analisar os dados a gente vê realmente uma realidade mais difícil, e, a partir dela, a gente consegue pensar políticas públicas para que essas dificuldades possam ser sanadas”.
Valorização da diversidade
Já a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, lembrou que empresas desse setor são mais inovadoras, mais resilientes, mais produtivas, remuneram melhor seus funcionários e contratam mão de obra mais qualificada.
“Então, fazer com que a população negra participe dessa atividade que é mais dinâmica no conjunto da economia nacional é algo que nos interessa. Mas também fazer com que as empresas reconheçam e valorizem a diversidade nos seus quadros é importante, inclusive para o posicionamento dos produtos e serviços brasileiros no exterior”.
Floriano Pesaro, da ApexBrasil, saudou a iniciativa como mais uma ação da agência e do governo brasileiro para ampliar a participação de grupos historicamente excluídos.
“A Apex Brasil acredita firmemente que a agenda da diversidade, equidade e inclusão étnico-racial deve ser institucionalizada, garantindo a sua efetiva incorporação no mercado de trabalho e no empreendedorismo brasileiro”.
Pelo instituto Procomex, parceiro nos cursos de capacitação, Márcia Schäffer afirmou que a instituição se sente honrada em participar do programa. “Não basta criar a ponte, tem que apoiar o caminho, para que de fato os jovens se sintam com um sentimento de pertencimento, se sintam valorizados e possam de fato ser capacitados, e exercer os seus sonhos na vida profissional”, disse.