PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O evento comovente ocorreu na quinta-feira (1), em Campo Grande, onde o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, assumiu a presidência do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul). Durante a cerimônia, um gesto simbólico e solidário marcou o momento: a bandeira do Rio Grande do Sul foi entregue ao governador gaúcho, Eduardo Leite. Este ato carregava um profundo significado de esperança e apoio à recuperação após uma tragédia climática que abalou o estado.
A bandeira, recuperada das águas na cidade de São Leopoldo por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBM-MS) em 17 de maio, durante uma catástrofe climática que devastou o Rio Grande do Sul, foi devolvida ao povo gaúcho. Esse gesto simbolizava a reconstrução e a resiliência diante das adversidades, reafirmando a união e a solidariedade entre os estados membros do Codesul.
"Se tem algo que nos torna resilientes são os grandes desafios. A segunda equipe do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul que chegou para ajudar nossos irmãos gaúchos viu algo na água e naquele momento achavam que pudesse ser alguém ou alguma coisa. Eles resgataram aquilo, que era a bandeira do Rio Grande do Sul, além das várias vidas que salvaram. No retorno das equipes eu fui agradecer, e entreguei uma menção honrosa a cada profissional. E eles entregaram a bandeira, que eu devolvo hoje", explica Riedel.
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Para o governador gaúcho, o presente representa o desejo e o esforço da população gaúcha em reconstruir o estado.
"Agradeço pelo acolhimento e pelo gesto tão bonito, que nos sensibiliza, da entrega da bandeira que resgataram lá nessa catástrofe climática que acometeu nosso estado. E também ao Mato Grosso do Sul e a todos estados brasileiros que colocaram enorme esforço para ajudar o Rio Grande do Sul. Faço especial registro ao Mato Grosso do Sul que enviou equipes técnicas, profissionais, equipamentos que ficaram longos períodos conosco nos ajudando a fazer resgates, atender nossa população. E além da ajuda material, nos dá apoio moral, que confortou a alma dos gaúchos. Somos muito gratos por este gesto", disse Eduardo Leite.
O Governo de Mato Grosso do Sul desempenhou um papel crucial nas ações de resgate e evacuação no Rio Grande do Sul após a devastadora catástrofe climática que começou em maio. As enchentes, inundações e deslizamentos causaram grande sofrimento, resultando em mortos, feridos e desabrigados.
Em 7 de junho, o governador Eduardo Riedel encontrou-se com os 30 bombeiros e policiais militares que estiveram no Rio Grande do Sul por 33 dias, desempenhando um papel vital nas operações emergenciais e garantindo a segurança das pessoas afetadas. Durante essa visita, a bandeira do Rio Grande do Sul foi entregue a Riedel, com o compromisso de devolvê-la ao estado.
Agora, a bandeira foi finalmente retornada ao Rio Grande do Sul, onde é vista como um símbolo de resiliência e reconstrução. Este gesto não só reforça a solidariedade entre os estados, mas também celebra o esforço conjunto para superar os desafios impostos pela tragédia climática.
Resgate da bandeira do RS
O capitão do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Eduardo Tracz, 36 anos, foi quem retirou a bandeira da água. Ele esteve presente no ato e frisa qu o momento também foi de relembrar.
Ele chegou a cidade de São Leopoldo no dia 15 de maio, e nas 48 horas seguintes, a cidade que já dava sinais de normalidade, com retorno de alguns moradores para suas casas, começou a ser novamente atingida pelas chuvas.
“Muitas pessoas tinham voltando para suas casas. E com o retorno da chuva, a água voltou a subir. Então, no dia 17 de maio logo pela manhã, precisamos fazer a entrega de cestas básicas. A gente já tinha finalizado esta missão. De longe eu vi algo e achei que fosse o corpo de uma pessoa, achamos que era roupa, estávamos procurando vítimas. E quando fui chegando perto, foi um grande alívio perceber que era a bandeira do Rio Grande do Sul. A gente resgatou a bandeira, que representa o povo gaúcho”, comemorou.
O resgate especial da bandeira ocorreu ás 10h42 no bairro Campina, e após retirar a peça da água, os bombeiros ainda auxiliaram dois cachorros, levando os animais para um local seguro.
“Ficamos 15 dias lá e todos os dias resgatamos pessoas, animais. Também distribuímos alimentos, remédios e água. Ajudamos pessoas ilhadas e acamadas a irem ao médico ou fazerem exames. Muitos só queriam conversar, levamos água quente para alguns tomarem chimarrão”, explicou o capitão.
Também estavam na equipe o cabo Eliezer Magerotti e o soldado Luiz Lima. A bandeira foi dobrada e guardada, suja e com as marcas do tempo que passou na água. “É uma simbologia muito bacana. Muitas pessoas falaram para mim que deu força para eles, fizeram uma ligação com a reconstrução do Rio Grande do Sul”, disse Tracz.
As chuvas extremas, que ocorreram desde o fim do mês abril, causaram danos por inundações e deslizamentos em parte do território do Rio Grande do Sul. O maior desastre climático daquele estado foi provocado por seguidos temporais nos meses de abril e maio, que atingiu 298 dos 497 municípios gaúchos – que representa 60% das cidades do estado –, sendo que 73 deles tiveram ao menos 10% da área afetada por deslizamentos, enxurradas ou inundações.
"O trabalho do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul no atendimento às vítimas do maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul foi um exemplo de dedicação total e solidariedade. A equipe se empenhou com coragem e compromisso, enfrentando condições adversas para salvar vidas e prestar assistência às comunidades afetadas. Um momento particularmente marcante para todos foi a descoberta da bandeira do Rio Grande do Sul nas águas turbulentas. Encontrar a bandeira foi um símbolo de esperança e resiliência, inspirando tanto os bombeiros quanto os moradores locais", disse o coronel Frederico Reis Pouso Salas, comandante-geral do CBM-MS.
Todo o trabalho realizado pelos bombeiros e policiais militares contribuiu para o resgate de centenas de pessoas e animais, além do transporte de medicamentos e água para áreas remotas e gravemente atingidas pela catástrofe.
Outra atuação importante, foi o trabalho de busca e resgate realizado pela cadela Laika, que sob coordenação do sargento Thiago Kalunga, auxiliou durante dez dias na cidade de Roca Sales (RS), onde três pessoas que morreram soterradas foram encontradas.
A equipe dos bombeiros de Mato Grosso do Sul, enviada ao RS no dia 3 de maio, foi o primeiro apoio interestadual a chegar na cidade de São Leopoldo – na região metropolitana de Porto Alegre –, nas primeiras horas após o rompimento de uma comporta da represa do Arroio João Corrêa.
"A devolução da bandeira ao estado do Rio Grande do Sul foi um gesto carregado de significado. Representou não apenas a união e o esforço conjunto dos estados brasileiros em momentos de crise, mas também a importância de preservar e respeitar os símbolos que representam a identidade e a história de um povo. Para todos nós, essa ação reforça o sentimento de pertença e o valor da cooperação entre as unidades federativas do Brasil. É um lembrete poderoso de que, juntos, somos mais fortes e capazes de superar qualquer adversidade", afirmou o coronel Frederico.
"É com muita honra e orgulho que recebo essa homenagem do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul. A nossa bandeira resgatada me enche de esperança de que o Rio Grande sairá muito mais forte dessa tragédia que tanto nos abalou", finalizou Eduardo Leite.
