PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A Estação de Tratamento de Água (ETA) Cristo Rei, que desempenha um papel crucial ao abastecer cerca de um terço da população de Várzea Grande, está enfrentando dificuldades significativas, operando com apenas 50% de sua capacidade produtiva. Essa situação tem causado impacto direto no fornecimento de água para a região.
Como medida emergencial, o Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG) anunciou o início de uma operação especial utilizando carros-pipa. O objetivo é garantir o abastecimento de água para o comércio local e atender às necessidades básicas, minimizando os transtornos causados pela redução na capacidade produtiva da ETA.
Devido à redução na produção, a intermitência no abastecimento será ajustada. Antes, a distribuição funcionava em um esquema de um dia com água e um dia sem. Agora, o intervalo aumentará para 3 a 4 dias sem abastecimento, dependendo da demanda e da recuperação dos reservatórios.
A estação foi inaugurada na gestão anterior com um sistema de alta-filtração por membranas de PVDF, que, apesar de avançado, é inadequado para a realidade de Várzea Grande.
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“Gastaram mais de R$ 20 milhões em um sistema americano que só funciona com águas limpas. Na temporada de chuvas, a turbidez inviabiliza o funcionamento. Hoje, a estação opera com apenas 50% de sua capacidade, e o resultado é uma população inteira sofrendo com falta de água”, afirmou a prefeita.
Operação atual na ETA
O engenheiro Bruno Rossi, que atua na Estação de Tratamento de Água (ETA) Cristo Rei desde sua inauguração em 2021, esclareceu que o sistema da estação é particularmente sensível à turbidez da água, ou seja, à presença de partículas em suspensão. Ele destacou que essa sensibilidade tem sido um desafio constante para manter a eficiência do sistema.
“Na época, a turbidez estava baixa, e conseguimos manter a produção entre 260 e 300 litros por segundo, o que não impactava gravemente o abastecimento. Iniciamos o processo de aquisição de produtos químicos e equipamentos para limpar as membranas, mas enfrentamos atrasos no processo licitatório”, explicou Rossi.
Em abril de 2024, a situação se agravou devido a um rompimento no retentor do bombeador, que resultou no vazamento de óleo na captação. Esse incidente provocou a obstrução das membranas do sistema de tratamento, reduzindo ainda mais a capacidade produtiva da estação.
Os equipamentos chegaram apenas na semana passada, e o bombeador já foi instalado. No entanto, a aplicação dos produtos químicos, essenciais para a limpeza definitiva, depende do acompanhamento técnico da empresa fornecedora, devido à complexidade do material patenteado. “Estamos tentando antecipar a data, inicialmente prevista para 6 de fevereiro, dada a emergência da situação”, ressaltou Rossi.
As chuvas intensas agravaram ainda mais o problema. Segundo Rossi, os níveis de turbidez estão muito acima do normal. “Antes, os picos chegavam a 200 ou 300, mas logo caíam para 100 ou 70. Agora, estamos enfrentando picos constantes de turbidez de 200 a 250, e recentemente tivemos um aumento para 500. Isso torna o ciclo de limpeza das membranas mais frequente e reduz ainda mais a produção.”
Atualmente, a ETA Cristo Rei está produzindo 150 litros por segundo, o que é insuficiente para manter os reservatórios cheios. Quando os níveis caem muito, as bombas de abastecimento precisam ser desligadas, interrompendo a distribuição para os bairros.
A diretor-presidente do DAE, Sandro Azambuja, enfatizou o compromisso em resolver o problema. “Estamos empenhados em restaurar a capacidade plena da ETA Cristo Rei e garantir que a água chegue a cada morador de Várzea Grande. Acompanhe nossos boletins e conte conosco para superar esse momento”.
Além de solução definitiva, o DAE está estudando estratégias logísticas para que outras estações de tratamento de água possam auxiliar no abastecimento da região afetada, minimizando ainda mais os impactos durante esse período. Uma operação de carros-pipa também está sendo organizada para atender a região.