PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
No último final de semana, entre os dias 29 de junho e 1° de julho, cerca de 50 lideranças indígenas dos povos Kanela, Xerente, Karajá, Tapayuna, Kudju Jurruna, Kayabi, Nambiquara, Rikbaktsa, Enawene Nawe, Zoró, Arara, Chiquitano, Wassu, Boe Bororo e Xavante participaram do Encontro de Lideranças, no Centro de Formação Olga Benário Prestes, em Cuiabá, Mato Grosso. Com o lema “Território que Temos e o Território que Queremos”, o evento foi organizado em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso.
O Encontro de Lideranças iniciou com a acolhida dos participantes e uma análise da conjuntura política, seguido de trabalhos em grupo. “O objetivo foi realizar um levantamento sobre como andam as situações dos territórios indígenas onde vivem,” explicou Natália Filardo, uma das coordenadoras do Cimi Regional Mato Grosso.
A metodologia adotada potencializou a partilha das reflexões entre os diferentes povos presentes no encontro. Hoje, “há uma grande demanda dentro do Estado por demarcação de terras, assim como a falta de políticas públicas e de proteção dos territórios naqueles já demarcados, principalmente na área de educação e saúde”, listam as lideranças.
O encontro chamou atenção também para a “realidade em que vivem cerca de 150 indígenas do povo Wassu, vindos do estado de Alagoas, e que hoje residem na cidade de Primavera do Leste (MT) em busca de trabalho, melhores condição de vida, mas que convivem com o preconceito, a discriminação, a falta de um espaço onde possam se encontrar como povo indígena para manifestação de sua cultura, ritos, danças, cantos”, explica Natália.
Representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU) estiveram no evento, e as lideranças indígenas trouxeram suas demandas por justiça aos órgãos. “Tanto MPF quanto DPU demonstraram abertura e apoio à causa indígena”, pontua a coordenadora do Cimi.
Durante o Encontro de Lideranças foi elaborado um documento final com alinhamentos e deliberações, por uma equipe de jovens indígenas com formação na área jurídica, e foi entregue ao MPF e à DPU, com o objetivo de terem suas reivindicações atendidas.
Com cantos e danças, os indígenas avaliaram o Encontro como positivo e que outras iniciativas como essa devem ser potencializadas. “Lutar sempre, desistir jamais” é a mensagem que ficou desse encontro.
Nesta mesma avaliação, as lideranças pontuaram o apoio e realização do encontro pelo Cimi Regional Mato Grosso; o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com a parte de logística; e das Irmãs da Santa Cruz, que foram fundamentais com aportes financeiros para a realização do encontro. “Isso nos mostra que, com parcerias como essas, se pode fazer muito em prol das nossas reivindicações”, pontuam as lideranças.