PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Permissionários que atuam há mais de 30 anos no Mercado Municipal Varejista do Porto "Antônio Moisés Nadaf", conhecido por Mercado do Porto, denunciam medidas adotadas pelo prefeito Abilio Brunini (PL) que têm gerado um clima de insegurança e retaliação no ambiente comercial. Segundo os comerciantes, jamais se vivenciou situação semelhante.
No dia 2 de janeiro, durante uma visita ao Mercado do Porto, o prefeito de Cuiabá incentivou os feirantes a deixarem de pagar as taxas de manutenção, justificando que a antiga gestão estaria envolvida em irregularidades. Sem apresentar provas concretas, o ato resultou na paralisação imediata dos pagamentos, zerando a arrecadação da entidade gestora.
Jorge Antônio Lemos Júnior, permissionário há 16 anos e ex-presidente da associação que administrava o mercado até ser destituída, relata que tem sofrido represálias desde a mudança na gestão. “Recebi notificação para desocupar meu espaço, e agora vemos uma perseguição política contra a antiga administração”, afirmou, destacando o impacto das novas diretrizes sobre todos os permissionários.
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Os permissionários afirmam estar sem apoio para solucionar problemas estruturais e operacionais. A falta de recursos levou à demissão de 16 funcionários, que eram responsáveis pela limpeza, manutenção e segurança, que saíram sem receber seus direitos trabalhistas, pois o caixa da Associação não tinha o suficiente para quitar os débitos.
Segundo relatos, a substituição da antiga organização – que antes oferecia suporte aos comerciantes – pela gestão municipal deixou um vazio que agrava as dificuldades enfrentadas no dia a dia.
"Hoje o serviço prestado é apenas o de limpeza e mesmo assim meia boca, pois o banheiro vive sujo e sem papel higiênico. Sem contar a segurança que não tem mais. O mercado está inseguro durante o dia e durante a noite. Pois este serviço era prestado por seguranças contratados pela associação".
Veja vídeo da situação dos banheiros públicos no mercado do Porto:
Diante da crise, os ex-colaboradores acionaram a Justiça do Trabalho, incluindo a Prefeitura no processo, alegando que a recomendação do prefeito ocasionou o que chamam de “Fato do Príncipe” – um ato estatal que inviabilizou a continuidade do serviço prestado pela associação. Além disso, os advogados afirmam que houve sucessão administrativa, já que a Prefeitura passou a executar as funções anteriormente realizadas pela entidade.
Até o momento, três audiências foram realizadas e a ausência da Prefeitura nas sessões aumenta o risco de condenação à revelia, o que poderá acarretar ainda mais prejuízos aos cofres públicos.
Promessa de campanha descumprida
Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura de Cuiabá, em 2024, o então candidato Abilio Brunini afirmou publicamente que não interferiria na administração do Mercado do Porto, um dos principais polos comerciais da cidade. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Brunini garantiu que a gestão do espaço permaneceria sob controle dos atuais administradores, respeitando sua autonomia.
No entanto, após assumir o cargo, a realidade se mostrou diferente. Contrariando sua promessa de campanha, o prefeito tomou medidas que impactaram diretamente a associação que administrava o Mercado do Porto. A decisão gerou reações entre comerciantes e frequentadores do local, que agora questionam o compromisso do gestor com suas declarações anteriores.
A situação segue em aberto, enquanto permissionários e trabalhadores aguardam uma solução para a crise instaurada no Mercado do Porto.