PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O Projeto de Lei n° 2041, de autoria do governo do Estado, que propõe uma série de mudanças relacionadas ao sistema penal do estado, gerou um debate entre os parlamentares durante a reunião do Colégio de Líderes, realizada na manhã de segunda-feira (6), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). A principal finalidade do projeto é estabelecer normas sobre a definição do modelo construtivo das unidades penais, incluindo a implementação de raios de segurança máxima para garantir a integridade das unidades e a segurança pública. Além disso, o PL também aborda a proibição de atividades comerciais dentro do sistema penal e estabelece diretrizes para a inspeção e revista das unidades prisionais.
A reunião contou com a participação de representantes do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) e representantes do sistema prisional de Mato Grosso.
A proposta visa aprimorar o funcionamento do sistema penal, garantir um controle mais rígido sobre as atividades dentro das unidades prisionais e melhorar as condições de segurança tanto para os detentos quanto para os agentes de segurança pública.
De acordo com o presidente da ALMT, deputado Eduardo Botelho (União), a reunião teve como objetivo debater as alterações no PL que tratam de restrições e esforços no combate ao crime organizado em Mato Grosso dentro do sistema prisional.
“Ouvimos o TJMT, os deputados, a Secretaria de Justiça do Estado, representantes de instituições para avançarmos na questão da segurança do sistema penal. Queremos acabar com o uso do celular dentro do presídio, eliminar o mercadinho lá dentro. Vamos garantir as visitas, mas criar restrições para que sejam realmente feitas pelas esposas dos detentos”, disse o presidente.
“Será criada também uma fiscalização em cima dos próprios agentes penais, para que eles sejam semanalmente vistoriados, além da proibição de uso de celulares dentro do presídio pelos próprios servidores. Essas alterações visam apertar e concentrar o combate ao crime organizado no estado, além da própria segurança dos agentes”, enfatizou Botelho.
O desembargador Orlando Perry, supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF-MT), destacou a importância de se inibir a entrada de celulares na prisão e que esse será um dos principais combates.
“A vedação da entrada de celulares dentro do sistema prisional é fundamental para o combate ao crime organizado no estado. É claro que essa lei trata de outros aspectos do sistema prisional, como a questão da visita íntima, da possibilidade de o diretor e o secretário de administração e justiça colocar em isolamento, por meio de medida cautelar, determinados presos, em determinadas situações. Acho que depois dessa reunião os dissensos acabaram se tornando em consensos”, explicou o desembargador.
“Eu creio que esta lei é uma boa medida para o combate ao crime organizado. Sem afetação dos direitos da dignidade da pessoa humana daqueles que cumprem penas. Eu, particularmente, defendo a vedação completa de entradas de celulares dentro da unidade prisional, inclusive pelo diretor do presídio. Estamos defendendo uma via alternativa, a possibilidade de utilização de celulares funcionais, que possam, inclusive, ser inspecionados pela unidade do sistema”, acrescentou Perry.
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De acordo com o desembargador, sobre a questão do “mercadinho”, o magistrado defendeu a possibilidade de se manter as cantinas, por elas serem uma fonte de recursos para a aplicação de benefícios do próprio sistema prisional.
“Acontece que hoje os mercadinhos estão sendo mal administrados. Mas eles podem ser gerenciados pelos conselhos da comunidade e com isso se evitar os comércios paralelos, que muitas vezes se formam dentro das unidades penais”, finalizou.
O secretário estadual de Justiça, delegado Vitor Hugo Bruzulato, disse que “é preciso avançar na gestão de segurança dentro do sistema penitenciário. Tolerância zero contra as facções criminosas e esse projeto vai ajudar bastante nessa construção, já que trata sobre o raio de segurança máxima, da regulamentação da visitação, de uso de telefones celulares, de procedimentos disciplinares de presos que cometem faltas dentro das unidades prisionais, além de outras questões”, disse o delegado.
Acrescentou ainda que essas medidas são necessárias para o avanço e enfrentamento às facções criminosas. “Algumas unidades prisionais estão servindo como home-office do crime. E esse projeto de lei trata dessa adequação à nova realidade, desse enfrentamento às facções, regulamentando vários pontos, inclusive o telefone celular por parte de visitas, de servidores públicos, restringindo algumas medidas para que a gente possa fazer esse enfrentamento eficiente e eficaz contra as facções criminosas que agem dentro das unidades prisionais aqui do estado”, explicou Vitor Hugo.
O delegado enfatizou que está de acordo para que não haja nenhuma exceção à entrada de aparelhos de telefones celulares. “Vamos estabelecer dentro da área externa uma regulamentação em que haverá alguns pontos permitidos por servidores, mas isso fora dos raios. Somos favoráveis a essa restrição incondicional e sem exceção em razão do contexto do momento que a gente passa, principalmente dentro desse programa de tolerância zero contra as facções criminosas”, finalizou.
O Projeto de Lei n° 2041 está previsto para entrar em votação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) nesta quarta-feira, 8 de janeiro de 2025, durante a sessão plenária, que tem início marcado para as 8h30.